Cachoeiro vive Rubem Braga

Não é qualquer um que tem um Rubem Braga como patrício; é privilégio do povo protegido de São Pedro. Por isso, fazemos festa!

12/01/2022 14:52
Cachoeiro vive Rubem Braga /Foto: Divulgação

Janeiro, na ?Capital Secreta?, tem um 'c' de crônica marcando o finzinho da sua primeira quinzena. Um festejo à moda Braga. Sim, é aniversário do ?Sabiá?. E, ainda que a data seja comemorada por escritores e amantes da literatura em todo o mundo, os conterrâneos bairristas de Rubem sentem e expressam de maneira hiperbólica a singularidade do dia. Explico: não é qualquer um que tem um Rubem Braga como patrício; é privilégio do povo protegido de São Pedro. Por isso, fazemos festa! Celebramos a meninice impregnada no córrego do Amarelo, escondida, às vezes, nas avançadas primaveras; onde mora a indecifrável questão: ainda tem mandi por lá? Vibramos no aconchego da 25 de Março, rua que é bem parecida com casa de vó. E não é coincidência, já que a morada Braga é instalada ali desde o início do século passado. Da varanda, cercada por balaústres brancos, amparada por ladrilhos e coberta pelo caramanchão, uma outra lembrança boa, compartilhada nas páginas amarelas do ?Recado de primavera? (ou será do ?O verão e as mulheres??, talvez de nenhum dos dois, o itinerário das andanças pela memória infantil do cronista é livre de roteiros): as Teixeiras moravam ali. E quem já se sentou, com livro nas mãos, numa tarde qualquer, na Praça da Poesia, com certeza viu as Teixeiras. Eu posso jurar que até já as escutei. Delírios à parte, ou não, refazemos os caminhos do Zig Braga até a Matriz mais antiga da cidade. No banco velho de madeira, observamos atentamente a ?acareação? feita por ele para encontrar Dona Neném. E o retorno vagaroso para o casarão verde, ao som dos latidos do ?doguinho?. São por esses e outros tantos momentos-motivos que o capixaba sulista tem prioridade para comemorar Rubem Braga. Afinal, precisamos concordar: Rubem Braga nasceu em Cachoeiro, mas foi Cachoeiro que viveu ? e vive ? Rubem Braga!