ACL premia domingo vencedores do Concurso Rubem Braga de Crônicas - Jornal Fato
Cultura

ACL premia domingo vencedores do Concurso Rubem Braga de Crônicas

Mateus Amed Schuab de Souza conquista primeiro lugar na tradicional competição literária com o texto "A Prole Vespertina"


- Divulgação

Para a premiação do VIII Concurso Rubem Braga de Crônicas, a Academia Cachoeirense de Letras (ACL) promove sessão solene, dentro da programação oficial da Bienal Rubem Braga, neste domingo (27), no Centro Cultural Palácio Bernardino Monteiro.

O evento acontece no Auditório Marília Villela de Medeiros Mignone. Na oportunidade, também ocorre a posse dos novos acadêmicos da ACL: Adilson Dilem dos Santos e Felipe Américo Bezerra. E há Apresentação do Coral Vozes de Cachoeiro  

Descobrir, incentivar e prestigiar novos talentos do gênero literário, é o principal objetivo do já tradicional concurso Rubem Braga de Crônicas, organizado pela Academia Cachoeirense de Letras. 

Todos os anos, participam estudantes do 8° e 9° anos do ensino fundamental, e do ensino médio, tanto de escolas públicas quanto particulares. 

A oitava edição do concurso aconteceu no período entre 12 de maio a 20 de agosto, com o tema "Minha antena delicadíssima". 

Para os cinco primeiros colocados, o prêmio é em dinheiro: respectivamente, R$ 1 mil; R$ 800; R$ 500; R$ 400 e R$ 300. 

Em primeiro lugar ficou Mateus Amed Schuab de Souza (Colégio Jesus Cristo Rei); em segundo, Mayres Barbosa Neves (EMEB Prof. Deusdedit Baptista); em terceiro, Pedro José Batista Teixeira (EEEFM Wilson Resende); em quarto, Lara Viqueti Gomes (EMEB Anacleto Ramos); em quinto, Amanda Lopes Moulin (Escola Guimarães Rosa).  

"Foi uma tremenda surpresa chegar ao último degrau do pódio, e sou eternamente grato", declara o campeão, Mateus Ameb Schuab de Souza", que revela ter se inspirado na avó. 

"Quando comecei a escrever a crônica, me sentia dentro de um sonho já vivido, especialmente por escrever sobre alguém que amo profundamente, minha avó. Espero que minha pequena obra faça alguma diferença nas vidas por aí". Confira abaixo o texto, intitulado "A Prole Vespertina".  

Para a professora de Literatura de Mateus, Fabiana Santana da Silva Olmo, o Concurso Rubem Braga é muito importante na formação acadêmica e humana da juventude cachoeirense. Homenageando o renomado cronista brasileiro e buscando incentivar a produção textual entre jovens talentos. 

 

 A professora de Literatura Fabiana Santana da Silva Olmo com o pupilo

 

"É uma honra muito grande ter um de nossos alunos em destaque nesta importante competição literária. Um feito notável que reflete seu talento, dedicação e habilidade com as palavras.", avalia Fabiana. 

Diretora do Colégio Jesus Cristo Rei, irmã Josenira de Souza Rodrigues considera que a vitória de Mateus "em um concurso de tamanha relevância confirma a importância de valorizar e incentivar os jovens escritores. demonstrando o compromisso da instituição com a educação integral de seus alunos, no desenvolvimento de habilidades cognitivas, humanas, socioemocionais". 

 

Texto vencedor do VIII Concurso Rubem Braga de Crônicas:

 

A Prole Vespertina

Era uma tarde de domingo sossegada quando me vi na varanda entardecendo, testemunhando o mundo se despir da luz do dia. A tarde com seu calor ainda apegado fazia meus pensamentos flutuarem até que eu ouvi uma voz atrás de mim. Era a minha avó na cozinha. Uma senhora com cabelos grisalhos que simbolizam sua caminhada da vida. Ela sempre teve uma história para contar e nessa tarde tinha me chegado pelo aroma do café.
_"Mateus," ela disse, entusiasmada, "vem cá, vou te mostrar algo."
Fui até a cozinha e a vi folheando um álbum de fotos levemente amarelado com as impressões desaparecendo. Uma foto de um grupo de pessoas fazendo piquenique surge. Todos estavam sorrindo, e havia uma expressão infantil no rosto alegre do meu avô quando jovem.
_"Essa é a nossa história." Ela indicou a foto com tristeza. "Mas o que realmente importa não é o que vemos nelas, é o que sentimos ao olhar para elas."
Ela me mostrou uma velha máquina de costura, um verdadeiro relicário afetivo.
_"Veja," ela disse, "cada ponto aqui é uma lembrança, cada linha é uma história passada. E, mesmo que o tecido do tempo vá desfiando, as histórias continuam."
Percebia como suas palavras tinham um peso diferente. Havia uma espécie de admiração nos simples detalhes, algo que se perdia na correria dos dias atuais. A minha avó é como uma linha do tempo viva, uma página de uma história ainda sendo escrita.
_"Você sabe," ela continuou, "às vezes acho que somos como as linhas de uma costura. Passando pelo tempo, costurando e remendando, tentando fazer sentido a tudo."
Eu a ouvi com atenção, as palavras dela se misturando ao som das árvores balançando com o vento e o aroma do café. Naquele momento, o céu começava a escurecer, e a noite se aproximava com seu sobretudo de estrelas. Eu olhei para a avó e a vi como se fosse uma tela onde a vida havia pintado suas cores mais saturadas e suas sombras mais profundas. Ela estava certa. Cada dia era um ponto, cada experiência acumulada é um segmento de uma linha. E, concluí que a vida não era só sobre o que acontece, mas sobre como escolhemos costurá-la.

Mateus Amed Schuab de Souza

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