Acontece durante este mês de janeiro o "Encontro Sul Capixaba dos Povos de Terreiro". O evento é organizado pelo Ilê de Axé Opó Elemesó, ponto de matriz africana, comandado pelo ativista cachoeirense Geovane Roberto, junto ao Espaço Casa Roxa de Marataízes, tendo como presidente o produtor cultural Guilherme Nascimento. Ao todo, quatro municípios da região sul do Espírito Santo receberão esta edição do projeto.
O criador da iniciativa Geovane Roberto afirma que: "A parceria com a Casa Roxa foi um grande avanço para esse projeto, pois reúne ativismo pelos direitos humanos com a potência transformadora da Cultura, favorecendo nossa luta por respeito à pele preta, à juventude periférica e às pessoas de Axé".
Neste sábado (7), o Ilé Axé Alaketu Ayra e Osum, de Muqui, será o primeiro centro religioso a receber o Encontro, tendo como babalorixás Gelson de Ayra e Pai Kiko da Osum. Segundo os organizadores, o local foi escolhido pela simbologia de seu sítio histórico.
No dia 14 será a vez de Marataízes, com o Império de Cobra Coral, tendo como liderança religiosa o sacerdote Adriano de Xangô. E no dia 21 de janeiro, o Ílé Axé Alaketu Oba Raê, do Babá Ronaldo de Ayra, receberá as atividades em Guaçuí.
Para encerramento, o município escolhido foi Cachoeiro de Itapemirim. O encontro será no dia 28, último sábado do mês, no Ílé Axé Opo Elemeso, do Babá Daniel de Osògyían.
Atividades diversas na programação
No cronograma constam diversas atividades gratuitas, com a entrega do modelo de lei para proteção e incentivo dos povos de terreiro, aos vereadores, prefeitos e secretários locais. Roda de conversa com o tema ?Leis de incentivo, políticas públicas, empreendedorismo e captação de recursos? também está programada, além da apresentação artística ?Afoxé Juventude de Axé?. Também está programada uma palestra interativa com o título ?Ewes e Ajeun, folha e comidas sagradas: A simbologia de nossas indumentárias?.
E ainda, o lançamento literário ?Amadé Ayé? de Guilherme Nascimento., que traz doze contos dos Orixás mais cultuados no Espírito Santo. Guilherme destaca que "É preciso romper as barreiras físicas de nossos municípios, pois o preconceito que existe aqui também persiste lá. Então, precisamos caminhar juntos pelo fortalecimento do Estado laico".
Parte do acervo de "Amadé Ayé" será destinado ao Governo do Estado para distribuição em bibliotecas públicas. Outra parte será doada para as comunidades dos terreiros visitados. Serão contemplados gratuitamente instituições culturais da região, como as Academias de Letras e Artes.
Exemplares também serão disponibilizados à venda, para que os recursos captados sejam destinados à manutenção das atividades da Casa Roxa. A obra literária traz acesso por QR-Code ao alfabeto Yorubá, figuras para colorir e ilustração completa da desenhista de apenas 14 anos, Endilly da Silva, da comunidade quilombola de Graúna em Itapemirim.
Tanto a publicação do livro "Amadé Ayé", quanto a realização do "Encontro dos Povos de Terreiro", foram projetos aprovados pela Secretaria Estadual de Cultural do Espírito Santo, através dos recursos do FUNCULTURA. Tendo apoio da Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, além do Instituto Ellos, através do Centro de Referência da Juventude do Village da Luz. Empreendimentos locais também se reuniram para potencializar a iniciativa. Os organizadores acreditam que o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil formam um tripé capaz de realizar importantes movimentos que humanizam a sociedade e fortalecem o Estado Democrático de Direito.