Vontade Política - Jornal Fato
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Vontade Política


Tenho grande dificuldade de entender, e aceitar, que os detentores do poder político e jurídico de todas as esferas se omitam e não façam valer o interesse coletivo, quando se trata de fazer cumprir contratos e compromissos assumidos.

 

Falo especialmente da ECO 101, que duplicaria a BR-101, conforme previsão contratual de 2013, mas que anunciou que a obra não será realizada se não for assinado outro contrato pactuando um novo conjunto de obras, em substituição à duplicação prevista.

 

A ECO 101, claro, afirma que a mudança proposta não significa mudanças, mas uma repactuação, um novo arranjo. Já se passaram quatro anos, a empresa faturou R$ 550 milhões entre Maio de 2014 e o mesmo mês de 2017, e quase nada foi feito nos 475,9 km da BR 101 que corta o Espírito Santo.

É um silêncio político que dói, ou uma mobilização que parece feita para não se chegar a lugar nenhum. Para inglês ver, como diria minha avó. E nos deparamos com mais um acidente que matou 11 pessoas e deixou famílias em luto e o Estado diante de mais uma tragédia que poderia ser evitada.

 

Seria o momento da Amunes fazer valer sua força e reunir Prefeitos de todo o Estado, numa comitiva a Brasília, juntamente com o Governador Paulo Hartung, que tem se mobilizado. Mas talvez não seja hora das luvas de pelica, mas de boxe na categoria peso pesado.

 

A gentileza no trato com os negligentes e omissos tem provocado centenas de mortes todos os anos no Espírito Santo. Aliados à imprudência de muitos motoristas, a não duplicação da BR 101 tem que ser colocada na conta de quem pode cobrar com veemência o cumprimento do contrato e não o faz. 

 

Artigo do Prefeito Victor Coelho sobre o acidente que vitimou 11 pessoas abordou de forma muito sóbria esse problema. " É nesse momento que o Espírito Santo não pode ter partido político! É nesse momento que a classe política deve se unir num movimento para pressionar o governo".

 

Faço minhas as palavras de nosso Prefeito, que parece ter sido o único a se manifestar de forma escrita e contundente. "De quem é a culpa?" Certamente não é obra do destino.  Digo, sem medo de errar, que há omissões em vários pontos que precisam ser revistas, sob pena de continuarmos acordando com a notícia de corpos carbonizados e família enlutadas.

 

Mais uma vez, como bem disse o prefeito cachoeirense, vamos concentrar esforços em busca da solução do problema. E essa tão sonhada solução passa pela mobilização de todos os prefeitos e parlamentares capixabas para uma conversa com o Governo Federal.

 

Não é momento de delicadezas, quando uma empresa vence uma licitação e diz que não tem condições de cumprir o contrato, após faturar R$ 550 milhões. Até quando prevalecerá esse quadro?

 

 Espero que quando o texto for publicado, tenha ficado desatualizado e uma solução tenha sido encontrada pelos nossos ilustres representantes capixabas de todas as esferas. Afinal, a esperança é a última que morre. O povo capixaba pede socorro. Mas quem poderá nos defender?


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