Vida e Morte: diálogos com o contemporâneo - Jornal Fato
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Vida e Morte: diálogos com o contemporâneo


Tantas notícias que me fazem querer desistir, que me permito rever quais as possibilidades teremos de um dia menos cansado e lastimável. Leio que mais pessoas (quantas!) estão envolvidas em casos de corrupção, que mulheres continuam sendo vítimas de uma cultura machista repugnante, que muitas pessoas estão agonizando e morrendo por intolerância, que a crise econômica se alastra, enfim, sou "bombardeada" por notícias que me consomem e me enchem de náuseas.

 

Tenho, eu sei, a poesia como bálsamo, a qual me possibilita rever meus caminhos e estabelecer as âncoras indispensáveis a meus mares. A arte revigora o que pode ser extraído do caos e das desordens sociais. Mas, acordar e encarar esta realidade bárbara, me enche de ressaca.

 

A ganância liquidifica o sujeito em vieses escusos e grotescos, torna-o refém de idéias rasas e mesquinhas. Corromper-se é enveredar por caminhos descampados e soturnos demais, cujos destinos são os mais delinquentes cenários.

 

A intolerância e a ausência do respeito desenham o indivíduo como prisioneiro de si mesmo, pertencente a prisões sujas, mofadas e infiltradas por bactérias que deflagram a falta de olhar para o próximo e revelam o que de mais ácido podemos ser.

 

É incabível termos sujeitos que se inundam de si mesmo, sem, contudo, perceber a dor do outro, ou melhor, pouco lhe impactam ter ou ver a agonia do pertencente ao mesmo grupo. Falta demais poesia!

 

Minha alma não suporta mais essa indigestão social e moral. Estou de luto pelos desamores instalados neste mundo, enquanto pessoas vendem e compram felicidade no instagram como objeto de luxo e precisamente descartável. "Aqui jaz a contemporaneidade."

 

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