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Viagens


Todos nós temos coisas de que gostamos de fazer, umas mais, outras menos. Dentre as que eu gosto, posso colocar entre as principais viajar, assistir a filmes - no cinema ou mesmo na televisão, desde que não sejam dublados - e, claro, andar de bicicleta.

 

Aprendi a gostar de viajar cedo; eu me lembro de pegar o ônibus para Alegre - numa época em que ainda havia guichês da Viação Real no Ed. João Franklin, perto da antiga estação ferroviária - quando eu tinha pouco mais de 10 anos. E eu viajava sozinho. Acho que esse gosto estar no sangue; papai foi representante comercial durante muito tempo, e dirigia pelas estradas do sul do Espírito Santo todo.

 

Sempre achei que viajar fosse uma aventura. Certa feita, como fazíamos todos os anos, fomos passar o Natal na casa de meus avós no Alegre, e viajamos de ônibus. Eu não me recordo o porquê, mas tivemos que voltar de trem, e como não havia lugar nos vagões de passageiros, tivemos que viajar no vagão postal, ou de carga, sentados em sacos de carta, caixotes com mercadorias diversas, e as portas abertas - uma aventura inesquecível para qualquer criança.

 

As idas para Marataízes, feitas em ônibus até quase meados da década de 1970, também se constituíam em outra aventura, dada a quantidade de bagagem e de filhos - quatro - que meus pais tiveram. Isso sem mencionar que a estrada era de terra, e, quando chovia muito, se formava um imenso atoleiro ali, na região da Matinha, próximo à BR 101. Certa vez tivemos que caminhar cerca de dois quilômetros debaixo de chuva e com lama até os tornozelos para fazer a baldeação. Nosso ônibus simplesmente ficou de barro até metade das rodas, completamente atolado.

 

E as viagens começaram a se suceder, fui crescendo e as distâncias entre Cachoeiro e os lugares para onde eu ia também se ampliavam: Vitória, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília. Até que fiz minha primeira viagem a outro país. Fui para a Colômbia, onde fiquei alojado por dois meses em um centro de pesquisas, próximo à cidade de Cali. Isso foi quando eu ainda exercia a profissão de engenheiro agrônomo e nossa turma fez diversas viagens de estudo pelo interior daquele país. Que, por sinal, tem um povo tão hospitaleiro e simpático quanto o nosso e as paisagens lembram muito as daqui.

 

Depois que me casei viajei para o sul, centro-oeste e nordeste do Brasil, tanto de ônibus quanto de avião. Pode ser mais cansativa, mas a viagem de ônibus - ou de automóvel - tem a vantagem de possibilitar ao viajante observar a mudança da paisagem, notar os detalhes das cidades e lugares por onde passa. O contato com as pessoas locais também é mais frequente e profundo.

 

Dias atrás estava no carro conversando com Carly e dona Hebe, minha sogra, sobre viagens e cidades. Ela então falou sobre as cidades que conhecia e mencionou que achava Roma muito bonita. E emendou em seguida, que a conhecia pelo notebook. De qualquer forma, viajar é sempre bom, não é não?

 


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