Sobre sonhos e resiliência - Jornal Fato
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Sobre sonhos e resiliência


Hoje acordei, como de costume, agradecendo a Deus por mais(ou seria menos?) um dia de vida, mesmo diante de desafios e tristezas, comuns a quem está vivo.

 

Mais que isso, abri os olhos pensando na minha insistência em manter vivos sonhos e projetos, mesmo após os 15 anos, que ficaram logo ali no passado.

 

E cheguei à conclusão que são os sonhos e desafios que me mantêm viva. Que me movem e alimentam rumo ao próximo passo.

 

Nesses sonhos cabem sempre a família, preciosa para mim, e os amigos queridos, que sonho que se preze tem que agregar, provocar risadas e energizar alma e coração.

 

Sou daquelas que não quer ser feliz sozinha, embora deseje a possibilidade do isolamento, a tal liberdade de Fernando Pessoa, por mais contraditório que isso possa parecer. " Se te é impossível viver só, nasceste escravo".

 

Então é isso, quero a possibilidade de isolamento, com a liberdade para momentos de introspecção que me são essenciais, levando comigo todos os sonhos da vida.

 

Porque se tem uma coisa que decidi, de novo, mais uma vez, e sempre, que sonhos são como bons amigos, devem ficar guardados num lugar especial, porque nos acalentam a alma.

 

São nossos, e não devemos permitir que ninguém os delete de nossa programação cuidadosamente, ou mesmo que despretensiosamente, elaboradas.

 

De curta, média ou longa data, sonhos devem ser regados, pelo tempo necessário, até que deem os frutos almejados. Viçosos, suculentos, apetitosos.

 

Devem resistir às intempéries, crise hídrica, mau olhado (como diria minha avó), solos temporariamente inférteis e aos corvos, que insistem em querer fazer ninho e desconstruir presente e futuro.

 

Se o nome dessa teimosia em sonhar é resiliência eu não sei. Mas é o que me alimenta, vale repetir. Começar, recomeçar, reiniciar, avançar, seguir em frente.

 

Imperativos que valem a pena para que os sonhos não definhem, morram ou sejam mortos ao longo do caminho.

 

E como não recorrer mais uma vez a Pessoa? " Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso".

 

Realmente nosso, impenetravelmente nosso, inexpugnavelmente nosso. No coletivo, que me recuso a sonhar sozinha. E a permitir mutilações.


Recorrendo mais uma vez aos poetas, dessa vez ao inesquecível Jobim:


"Vou te contar


Os olhos já não podem ver


Coisas que só o coração pode entender


Fundamental é mesmo o amor


É impossível ser feliz sozinho".

 

Então é isso. Amar é essencial. Sonhar é essencial. Então abre alas que quero passar, cheia de belos sonhos cuidadosamente cultivados, sempre e a qualquer tempo.


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