Relances - Jornal Fato
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Relances


Ele está caído no chão. Uma convulsão passa pelo seu corpo instantaneamente. As pessoas param para olhar e fazem dessa uma grande atração. Em momento algum lhe foi oferecido ajuda, somente um olhar curioso para o fato que acontecia.

 

Sim, ele estava morrendo e sim, ninguém o ajudou. Talvez por que ele fosse morador de rua, talvez porque ele bebesse muito, ou talvez porque ele mexesse com coisa errada, ou não, quem vai saber. Naquele momento o que menos se sabe é o que a pessoa era.

 

Todos têm o direito à vida, todos merecem um enterro digno. Isso é afirmado e defendido com unhas e dentes pelos Direitos Humanos, todavia, cadê o cumprimento desta atividade naquele momento? Não houve. E os diretos ficaram somente no papel. O céu continuou limpo, esparramando o sol a brilhar.

 

Ninguém chamou a ambulância, ou a polícia, ou tentou encontrar seus familiares. Ninguém fez reativamente nada para modificar aquele quadro tenebroso. E o mais obscuro ainda é que eu também não fiz nada, presenciei a cena e só. Assim como as outras pessoas fizeram, mas não porque concordo com seus pensamentos, mas por não ter forças para agir.

 

As pessoas são cruéis sem saber que são, muitas vezes querem agir e por medo se encabulam. No entanto, o problema é que nem sempre será dada uma segunda chance. E nesse caso, o senhor caído, não ganhou uma segunda oportunidade. Sabe-se lá como não está agora. Um momento pode ser muito rápido, mas ao mesmo tempo devagar demais para quem necessita de ajuda.


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