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Quando meninas, aprendemos com os contos de fadas a acreditar em príncipes que não existem. E que um dia seremos as princesas que, ainda bem, jamais habitarão este planeta, principalmente no século XXI. Pessoas reais erram feio e quase sempre. Além disso, beijos que nos despertam de um sono profundo causam mau humor. Não poderia esperar para beijar depois? Tinha que ser justo enquanto eu dormia?

 

Mas isso não significa que as relações estejam todas fadadas ao fracasso e nem que o parceiro ou a parceira com o qual sonhamos não exista. Existe sim. Se não príncipe ou princesa, alguém de carne e osso que vai fazer seu coração disparar, seu fôlego faltar e suas pernas tremerem. Sim. O amor da sua vida existe e está logo ali, quase ao alcance das suas mãos. Fique na ponta dos pés, estique bem os braços e force o máximo que puder seu corpo para frente. Pronto. Agora abrace porque ele é seu.

 

O que você precisa entender é que às vezes ele vai perder a hora, vai sentir ciúme, não vai reparar quando você cortar o cabelo e vai esquecer, eventualmente, alguma data importante. O amor da sua vida poderá estar cansado quando você quiser festa. Ele também ficará triste, nervoso e sentir dor de dente. Vai deixar louça suja, entornar cerveja no tapete e quebrar alguns copos. Ele vai reclamar do seu jeito de dirigir ou de espalhar papéis pela casa. E das toalhas molhadas em cima da cama.

 

Reais que são eles, reais que somos nós, nada disso será muito grave. Porque o amor da vida faz um cafuné que parece mais técnica de massoterapia. Tem um abraço apertado e beija com os olhos ora fechados e ora abertos. Ele sabe fazer um prato que você gosta muito, mesmo que seja pipoca, e depois de te fazer dormir em uma conchinha perfeita te solta devagarinho para você não acordar.

 

O amor da vida da gente não é o personagem de uma história que anuncia o final quando era para estar só no começo. Ainda bem.

 


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