Posso falar de amor? - Jornal Fato
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Posso falar de amor?


Peço educadamente para falar de amor, afinal nem sei se tenho competência para tanto. Como se trata de sentimento, ele não se manifesta de forma idêntica para todos. Para uns amar é cuidar e proteger, para outros é compartilhar carinho e sexo de qualidade, para alguns é trabalhar juntos para adquirir patrimônio, para outros mais é curtir os prazeres da vida, e para muitos é simplesmente se tolerar para não desfazer família ou dividir bens. O que observo é que todos consideram difícil relacionar-se por toda vida, e como as pessoas estão menos hipócritas, os vínculos se desfazem facilmente hoje em dia.

 

Mas que o amor existe não há dúvida. Como explicar o que leva duas pessoas completamente diferentes, criadas em culturas opostas, decidirem se unir e constituir uma família? Ou melhor, a união pelo prazer de estar um com o outro, pois a família vem como consequência. Tanto que existem muitos casais que optam por não ter filhos. O amor é renúncia das nossas profundas convicções para nos adequarmos as do outro e vice versa. É a busca do meio termo, em que não haja derrotados ou vitoriosos, nunca. A vitória é a do senso comum.

 

Ama quem cuida, quem defende, quem admira, quem se encanta pelo outro. Ama quem surpreende com mimos e afagos no ego, a sós e em público - principalmente em público. Encanta-me assistir a declaração de amor e admiração pelo outro. Encanta-me ver nos olhos dos casais o brilho de quem pratica sexo apaixonado. Li em algum lugar que o sexo prazeroso deixa o casal em estado de graça por 24 horas - horas benditas. Como brigar ou praticar grosserias sob o efeito da graça bendita do amor?

 

Num bate papo informal ouvi de um marido apaixonado a seguinte frase: Tenho ciúmes da minha mulher hoje e sempre, na vida e na morte, e se eu perceber que vou morrer antes dela, procurarei espalhar o boato que estou morrendo de uma doença letal, incurável e cem por cento transmissível! Aliás esse casal se uniu totalmente contra a vontade dos pais dela. Também casamos contra a vontade dos pais de meu marido, que queriam ter por nora uma moça rica, prendada e do lar. E conheço muitos casais em situação idêntica, que vivem felizes para sempre... Será que a vontade de acertar supera as possíveis dificuldade? Mas esse é outro tema. 

 


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