Poema feito para dizer o amor - Jornal Fato
Colunistas

Poema feito para dizer o amor


Ela o esperava como todos os dias.

Acreditava que voltaria com a esperança saltando aos olhos e o coração em forma de sorriso.

As marés vieram, o Sol nasceu e se pôs,

a lua se colocou e tirou, imersa às estrelas.

Os homens noticiaram o começo e o porvir de tantas coisas; coincidências e revelações.
As mulheres se condoeram com os maus dizeres e as verdades arrastadas.
As meninas inventaram seu nome e decidiram qual seria seu melhor amor.
A violência e a paz desmistificaram suas origens.
Os discursos foram propagados e indecifrados.
E Ela o esperou.
Enegreceu o afeto.
Afastou-se da margem.
Inundou os olhos.

Elaborou velhos planos e casos.
E ele não voltou.
Não bateu na porta e nem lamentou.
Não decidiu viver em sobressaltos.
Nem quis revigorar o gozo.
Ele manteve-se na planície,
sem maremotos e curvas,
sem avessos e acasos.
Ela estava submersa em lembranças e toda sorte de desamor.
Ela manteve-se no escuso dos dias,
nos subterrâneos e subterfúgios dos indulgentes,
na balbúrdia configurada dos cenários.
E os cheiros esquecidos misturaram-se à poeira, ao vento que invadira a janela.
E não mais cabia o outro.
E, por ausência, houve o vazio, e, por espaço, houve a falta.

E não havendo ele, existiu, apenas, Ela.

 

Simone Lacerda é professora.

cheirosensaiosepoesia.blogspot.com.br


Comentários