Perdoar é divino - Jornal Fato
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Perdoar é divino


O pedido de perdão não é uma ação unilateral. É um ato de humildade que engrandece quem o pratica e fortalece a quem o aceita de coração. Acompanho a história de alguém que cometeu um deslize, talvez por imaturidade - somos imaturos por toda vida em muitos aspectos. E que esse deslize acarretou a quebra de confiança e o final de uma profunda amizade de anos. Certa vez ouvi o desconforto de uma das partes e em outra ocasião ouvi o da outra parte. Não creio que um elo que liga duas pessoas por décadas se desfaça subitamente. Se ainda não existisse o sentimento, o ocorrido seria mais um simples fato da vida que pouco acrescentaria.  Mas percebo que os dois lados sofrem a perda do que fora tão precioso - a convivência fraterna.

 

Amizade é sagrada, quantas se mantém por décadas e quantas se perdem pela vida. Prezo muito as minhas e tento conservá-las com um cultivo constante, através de contatos efetivos, mensagens, agrados, elogios e outros afagos ao coração. E amizade tem que ter reciprocidade, percebo quando esta não acontece e em geral prefiro afastar-me de mansinho para não causar constrangimento. Contudo cortar vínculos por ausência de perdão é uma temeridade. Sugiro, a quem me pede opinião, que deve-se pedir perdão sempre, não somos perfeitos e exigir esse atributo de nós mesmos e dos outros é até desumano.

 

E quando recebemos o pedido de desculpas por uma falha cometida, aí realmente se revela a grandiosidade do nosso coração. Manter teimosamente opiniões e considerar que é uma característica da personalidade que até nos favorece, é uma situação que merece reflexão profunda. Somos seres naturalmente sociáveis, o eremita é raro, o humanismo nos atira nos braços uns dos outros. E deixar a razão e o coração sobreporem a nossa teimosa opinião é um ato divino, que pode e deve ser praticado por cada um de nós. Basta que analisemos também as nossas inúmeras falhas e o quanto a vida fica mais leve e prazerosa, quando vamos eliminando as arestas que encontramos pelo caminho. E ao que pede perdão resta a paz de espírito, e ao que o nega resta a frustração. A escolha de posição é unicamente nossa.

 


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