Pais de ontem e de hoje - Jornal Fato
Colunistas

Pais de ontem e de hoje


Leio o depoimento de uma amiga elogiando seu marido, num casamento de décadas, e ela cita qualidades e apenas um defeito: ele sempre foi mole demais na educação dos filhos. Entendo a moleza dele, numa cultura que sempre colocou a mãe como a figura principal e o pai como coadjuvante, este fazendo de tudo para cativar o amor dos filhos, e entre as atitudes exatamente não tomar atitudes, para não melindra-los e afasta-los de si. Mãe briga, mãe castiga, mãe esbraveja, mãe diz não e os filhos não se magoam, existe uma ligação afetiva e uma intimidade maior com a figura materna.

 

Os pais da geração anterior a minha deixavam cuidados, educação, controle, tudo por conta da mãe, raramente havia uma contato mais íntimo com os filhos. Os da minha geração já tomavam sob si algumas responsabilidades, como auxiliar as mães nos cuidados, dividir as obrigações, porém ainda não assumindo troca de fraldas ou alimentação. Era raro ver um pai numa fila de vacinação com o filho no colo ou numa reunião de escola. E ainda deixavam por conta das mães toda tomada de atitude, no sentido de educar e restringir liberdades.

 

Hoje os pais, a maioria, assumem as tarefas, dividem obrigações, são parceiros e auxiliam suas esposas na educação dos filhos, em comum acordo e plenamente inseridos em tudo o que se relaciona com seus rebentos. A paternidade é tão partilhada que, a partir da gravidez os pais vivenciam com suas esposas todas as fases da gestação, eles as acompanham nas consultas médicas e muitos ficam junto até na sala de parto, dando força e seguranças as suas companheiras. Hoje é corriqueiro encontrar pais nos consultórios pediátricos, nas filas de vacina, nas reuniões escolares e também é frequente que pais separados briguem pela guarda dos filhos e a guarda compartilhada é fato concreto. São três gerações, a dos meus pais, a minha e a dos meus filhos - e como a paternidade cresceu, evoluiu e se sensibilizou entre essas gerações. A cultura, o trabalho, a posição da mulher na sociedade e o feminismo, tudo contribuiu para essa revolução, da qual os homens, como pais, colheram os bônus. E a sensibilização da afetividade paterna foi maior deles.

 

 


Comentários