Paciência... - Jornal Fato
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Paciência...


Ando sem paciência. E é complicado, porque todo mundo interpreta a Bíblia afirmando ser preciso ter a paciência de Jó. E ele me parece tão impaciente, com aqueles longos discursos...

 

Mas ele é paciente, sim. Porque aguarda a resposta, porque a demanda e a exige de seus companheiros e, de Deus, inclusive. Não porque aceita tudo resignado e calado, mas porque questiona e o faz bem, com propriedade, sem hipocrisia.                      

                                                                                                                          

Quero aprender com Jó que o errado é errado; e que é errado olhar o erro do outro sem ter considerado - e bem - o meu primeiro.

 

É que eu posso, em algum momento de sabedoria, ajudar o outro a superar sua dificuldade. Mas nunca posso usar a fraqueza dele como desculpa ou justificativa para a minha. É injusto. E medíocre. Tenho de ser mais. Então, ando sem paciência é comigo mesmo. Com vontade de dizer certas coisas que são necessárias mas que, de vez em quando, são incômodas... para os outros e para mim mesmo, mas que poderiam fazer a diferença.

 

Ando sem paciência porque o tempo parece que não anda muito meu amigo... e antes que ele vire de vez a cara pra mim, quero poder rir mais leve, gargalhar mais livre, ler poesia e ver o pôr-do-sol. E anda difícil fazer isso quando meus olhos veem o sol e meu coração antecipa a noite e seus temores. Preciso de paciência. Aquela que aguarda, que não desiste e que questiona.                                                                                                          

                                             

Desculpe-me! Não vou seguir ordens vazias, mas tenho toda disposição do mundo em ser discípulo de exemplos. Tenho receio de não dar o melhor de mim por temer alguma incompreensão, mas com isso me privo de viver a alegria de quem se arriscou - e vislumbrou, por um momento, o novo mundo possível. É possível! Há que se ter paciência, mas não aquela estática e improdutiva.  Mas aquela na qual o náufrago encontra forças para dar a última braçada que o poderá levar à praia.                                                                                              

 

Amanhã é dia. Por ora, é noite, na qual ninguém deve trabalhar. As trevas não são boas conselheiras. Guarda, a que hora estamos da manhã?

 

Leandro Vieira - Professor e Conselheiro Tutelar


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