Operária da Palavra - Jornal Fato
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Operária da Palavra


Que tal ter uma semana poética? Se permitir conhecer novas obras e escritores e interagir com diferentes públicos? Pois a partir de hoje o cachoeirense terá oportunidade de participar da programação da VI Bienal Rubem Braga, maior evento cultural da cidade, com atrações nacionais e internacionais, apresentações culturais de caráter regional, bate-papos com escritores, palestras, oficinas, contação de histórias e lançamentos de livros de escritores capixabas.

 

No domingo, dia 05, chamo a atenção para uma homenagem especial àquela que é considerada um dos nomes mais importantes da literatura e da história de Cachoeiro: a escritora, professora e historiadora Ariette Moulin. A homenagem está na programação do II Festival Newton Braga de Poesia Falada, Edição Capixaba, organizada pelo Grupo Anônimos de Teatro, Companhia Do Outro e Cia Nós de Teatro.

 

Por que Ariette foi escolhida esse ano?, pergunto ao ator Luiz Carlos Cardoso, um dos organizadores da edição. Porque Ariette traz poesia aos nossos dias - responde - em sua escrita forte e lírica, em sua fala e atitude serenas. Quem foi seu aluno ou quem é seu leitor reconhece sua paixão pelos livros, pela arte e o saber. Ninguém será o mesmo depois de conhecer Ariette, tamanha sua habilidade em envolver a todos com suas histórias, sua sabedoria de vida, que vai além dos livros.

 

Newton Braga está muito bem representado esse ano por Ariette Moulin, assim como esteve na edição passada pelo escritor Evandro Moreira. Dois mestres com qualidades em comum: o incentivo e a promoção dos escritores/artistas mais jovens, inseguros em publicar seus primeiros escritos, temerosos em conviver com os mais experientes; e a humildade em estar sempre aprendendo. "Sou uma eterna aprendiz", declarou Ariette em várias ocasiões.

 

A simplicidade em reconhecer que nunca estará pronta faz dela uma operária incansável da palavra. Está sempre escrevendo, seja para colunas de jornais e revistas, ou um novo projeto editorial. Apesar de negar a experiência, concorre em igualdade com os mais jovens em concursos e editais, quando nem precisaria mais ter seu talento avaliado. Ainda assim - como todo promotor de cultura - não desiste, porque sabe que livros pertencem ao futuro.

 

Há pouco tempo terminou a pesquisa que virou o livro "História da Paróquia da Freguesia de São Pedro de Cachoeiro de Itapemirim", ainda a publicar. Será seu oitavo livro. Mais uma obra que eterniza sua raiz poética sobre a vida, as pessoas e seu lugar. Cachoeiro é o lugar de Ariette, de onde ela nunca quis sair. Newton Braga também não quis. Coisas em comum entre esses dois cachoeirenses que, embora não tivessem a pretensão, se perpetuaram às margens do Itapemirim, com suas ferramentas mais fortes sempre à mão: o papel e a caneta.

 

A homenagem a Ariette será no Teatro Rubem Braga, a partir das 19h, domingo (05). Deixo outro convite para dia 04, sábado, às 10h, para o lançamento de seis obras de escritores cachoeirenses, produzidos pela Editora Cachoeiro Cult. Será na Sala Rubem Braga, na Praça de Fátima.

 


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