O amor é remédio - Jornal Fato
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O amor é remédio


As pessoas precisam ser curadas, mas é da inveja que sentem. Curadas dessa vontade de ter o que não lhes pertencem, de ser o que nunca serão e ir onde seus pés não alcançam. As pessoas precisam ser curadas da fofoca que maltrata, da mentira que fere e da intriga que destrói. As pessoas precisam ser curadas da capacidade de desejar o mal.

 

Machistas precisam de cura. Matam, violentam, estupram, ofendem e prejudicam mulheres todos os dias. Acreditam-se raça superior. E pior: a maioria deles caminha impune por aí, travestidos de assessores de juízes e delegados, de motoristas, carteiros, gerentes de banco ou empresários. Fazem piadas e arrancam risadas no trabalho, nos bares e nas ruas, sem a noção de que a igualdade não é privilégio. É igualdade apenas.

 

O preconceito precisa de cura. O dono da boate que barra clientes negros, o pastor que chuta a imagem da santa, o fundamentalista que mata em nome da sua fé, só não se sabe fé em que. O pai que exclui o filho homossexual do convívio familiar, a mulher que diz que trata sua empregada doméstica como sendo da família, mas oprime seus direitos. O que acredita ser melhor por ter tido mais oportunidades, o que acha que o dinheiro compra todas as coisas e o que diz que depressão é frescura e não doença.

 

Quem rouba precisa de cura. Os que roubam seu dinheiro, sua paz ou sua dignidade. Precisam de cura os ladrões de sorrisos, de sonhos, de tapetes, de carros, de saúde e de educação. Precisam de cura quem rouba a oportunidade de igualdade social, o direito de ir e vir, o imposto ou seu tempo, já tão escasso. Precisa de cura quem rouba horas da própria vida para destruir a vida do outro.

 

Precisa de cura quem não se alegra com alguma coisa simples, como uma música, um passeio ou um abraço. Precisa de cura quem não sente frio na barriga, quem está acomodado, quem quer mudar a vida e o mundo sem dar a cara para bater. Precisa de cura quem não se arrisca, quem não defende quem precisa, quem não se assume.

 

A liberdade e a coragem de ser quem você é não precisa de cura. O amor-próprio e o amor ao próximo não são doenças, são remédios. Quem ama de verdade está imune a todos os grandes e reais males da humanidade.

 


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