Não há motivos para comemorar - Jornal Fato
Colunistas

Não há motivos para comemorar


A Lei Maria da Penha veio para solucionar a questão da violência contra a mulher, e nos deparamos com os jornais diariamente reportando assassinatos de mulheres motivados pelo machismo. A desigualdade sexual é uma realidade que choca, principalmente nos países de orientação fundamentalista. Muitos acreditam que, se uma mulher está vestida inadequadamente para os padrões culturais, ela é culpada pelo assédio que venha a sofrer. Se uma mulher sofre violência num remoto país do oriente, essa situação afeta a cada uma de nós, a dor de uma irmã é a de todas, e a igualdade de gênero só será real quando for universal.

 

Ainda há que se defender a causa feminista, muitas mulheres adquiriram direitos nos últimos anos, mas a equiparação salarial não é uma realidade. Pesquisa do IBGE aponta que o número de mulheres chefes de família cresceu 79% em dez anos.  A despeito disso, a brasileira continua subempregada, ganhando em média 30% menos do que os homens. É premente a necessidade de se combater às desigualdades salariais, e lutar pela proteção da mulher no mercado de trabalho e a ampliação dos seus direitos.

 

Na política, apesar de os números ainda serem pouco expressivos, a presença das brasileiras no poder público apresenta avanços, que se dão a passos muito lentos. Faz mais de 80 anos que a primeira mulher se elegeu para um cargo público e a medida mais contundente foi tomada em 1995, quando entrou em vigor uma lei que previa cotas para as candidatas nas eleições proporcionais. Contudo observamos que numa população em que 51% são mulheres, a nossa representatividade ainda é ínfima. Precisamos eleger  mulheres nos postos de comando, para que defendam os nossos direitos.

 

Os dados divulgados nos últimos dias nos assustam. No Espírito Santo foram assassinadas 84 mulheres neste ano, todas por violência doméstica - feminicidio. Inúmeras mulheres sofrem abuso sexual, moral e psicológico. Nunca foram divulgados tantos casos de estupros coletivos de meninas e assédio sexual dentro das próprias casas - local em que as crianças deveriam sentir-se seguras e protegidas.

 

Após o assassinato de uma estudante, um grupo de mulheres comentava o fato, não gostei do teor, entrei na conversa e esclareci a elas que a cada mulher assassinada morre um pouco de cada uma de nós, a solidariedade é a nossa defesa e somente a união e o entendimento dos nossos direitos pode nos salvar.

 

Enquanto isso mais de oito mulheres são assassinadas por dia no Brasil. Estamos todas desprotegidas e a mercê do machista que ainda nos vê como objeto de posse. E somos nós que criamos e educamos os predadores que nos violentam e matam.

 

 


Comentários