Não enterro coragem - Jornal Fato
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Não enterro coragem


Acreditei em tantas coisas.

Elas me venceram

e eu não pude fugir das suas verdades

mesmo que a cortina, por vezes, insistia em cobrir o sol do meu rosto.

Inventei um amor que era só meu, propriedade exclusiva.

E, duramente, também perdi.

Desalinhavei amarras, pedidos de vida eterna juntos.

As rugosidades e invenções da vida denunciaram a fraqueza perpetuada em mim.

Não há café para tomarmos juntos, notícias de jornal para o debate.

Não tenho a paciência para os dias maus.

Estou ausente, entre o meio, na lacuna que não quero preencher.

O amor é criação humana para que superemos amargura.

O dano de uma vida inteira que traz marcas. E elas ficam.

Não quero acreditar, esperar como fazem as mulheres com seus maridos no fim de uma pesca.

São mulheres que se contentam na beleza dos peixes, na pequena reserva que a vida costuma dar.

Eu e minha alma encharcada.

Minha palavra que espalha pelo corpo e alma, pelos tecidos deixados na poesia.

Não há mais metades de dias, não há crença no improvável.

Revelei- me, cortei o preciso, neguei pedaços e desconstruí existência. 

Agora, não mais.


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