Mudando conceitos - Jornal Fato
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Mudando conceitos


Narro uma experiência que vivi, capaz de mudar conceitos e preconceitos, o que para mim foi de grande valia.  Recebemos, pela Academia Cachoeirense de Letras, o convite do jornalista e professor Basílio Coelho Machado, para proferirmos palestra sobre Literatura no Centro Prisional Feminino, na Fazenda Monte Líbano. Nos prontificamos a atender o convite, eu e a acadêmica Célia Ferreira. Havíamos recebido anteriormente o projeto literário, que o professor realiza no presídio e impressionou-nos a capacidade, a criatividade e a escrita desenvolvida pelas presidiarias.

 

No dia agendado para lá nos dirigimos, anteriormente atendendo alguns cuidados de segurança - tirar objetos de metal e não portar celular. Já no presídio fomos recebidos por equipes de segurança nos portões por onde íamos adentrando, pessoas simpáticas, agradáveis e acolhedoras. Primeiro preconceito derrubado - nada daquele pessoal mal humorado e grosseiro que normalmente vemos nos filmes. Ao chegar ao local da palestra outra surpresa. Uma grande biblioteca cujos livros são partilhados entre as detentas - espaço limpo, arejado, bem organizado e com equipe pedagógica que nos acolheu carinhosamente.

 

E as presidiarias foram adentrando ao recinto, mulheres arrumadas, higienizadas, penteadas, educadas, de aspecto suave. Não percebi rancor, revolta ou ódio em nenhuma delas, inclusive observei o porte e a postura ereta, de cidadãs tratadas com dignidade, fruto do trabalho educacional e psicoterápico realizado. E lá se foi mais um preconceito. E num salão repleto havia apenas duas senhoras idosas, algumas de meia idade e a maioria era jovem, tão jovem quanto minhas netas - e isso doeu fundo. Célia falou muito bem sobre literatura e o prazer da escrita. Eu deixei por conta do que me inspirou o coração, falei de esperança e de fé no futuro. E saímos de lá profundamente tocadas.

 

 

 


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