Mudanças - Jornal Fato
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Mudanças


 

Sempre achei curioso ouvir meu avô falando "mil-réis", quando eu era criança. Ele era daqueles que havia ignorado a chegada do cruzeiro, e continuava contabilizando o seu parco dinheirinho na moeda antiga. Depois disso passamos por muitas outras moedas, até chegarmos ao real. E fico imaginando que o futuro poderá me obrigar a, bem velhinha, memorizar o nome de mais uma moeda ou, como ocorreu ao meu avô, me acomodar no passado monetário.

 

Mas não temo mudanças. Sou do tempo da máquina de escrever e, depois, do PC com disquete; do telefone com telefonista e, depois, do telefone discado; da radiola (mistura de rádio com vitrola!) e, depois, da fita cassete; da televisão em preto e branco, do quarador de roupa, das garrafas retornáveis... Sou da época em que, para tirar fotografia, era preciso chamar um fotógrafo profissional, ou, com muita sorte, encontrar um lambe-lambe nos parques de diversão. Ah: sou do tempo em que circos e parques de diversão visitavam as cidades do interior.

 

Enfim, faço parte do grupo de pessoas que vem do chamado tempo antigo, e sempre houve, há e haverá novidades a nos desafiar, seja a atualização de um sistema operacional ou um carro com câmbio automático. No entanto, não sou resistente nem saudosista. Gosto dos avanços tecnológicos, e tenho me adaptado a eles de maneira natural, quase sem notar. Claro que minha desenvoltura nessa área não se compara à dos adolescentes.  Mas, de modo geral, adoro internet, aplicativos, resolver tudo pelo celular - chamar táxi, pagar contas, comprar, marcar compromisso - sem ter que falar com ninguém! O mundo digital é o paraíso dos tímidos.

 

Lamento muito o fato de que, provavelmente, não estarei aqui para conhecer e desfrutar da tal "Internet das Coisas" em toda sua grandeza, embora, pelo andar da carruagem virtual, não vou me surpreender se daqui a uns dois ou três anos puder trocar os meus óculos por um modelo que me conecte aos seres e objetos de todo o planeta. Será uma completa revolução econômica, política e social, uma nova civilização, um novo padrão de inteligência.  Uma mudança assustadora, e, mesmo assim, eu a enfrentaria de bom grado.  


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