Minha insistência
Tenho apostado as fichas de que as pessoas, realmente, valem a pena. E acredito muito nisso! Por mais que enfrentamos o egoísmo, a maldade gratuita, a falta de altruísmo, é possível ver nos outros uma humanidade que insiste resistir e fomentar a beleza do amor, da alegria, compaixão e aproximidade.
Não estou embebida do espírito natalino, pois o que está aí é meramente comercial, mas estou encharcada de uma esperança amanhecida, que se finca em solo umedecido, tratado, tão resistente à ausência de chuva e ao desgaste pela luz solar.
Também não me desenho "bobo da corte", que, por um troco, floresce de qualquer jeito e sob as mais terríveis condições. Acredito que todos, alguma vez na vida, se iludiram, todavia, a maturidade tem cenários positivos e nos embute a certeza de uma vida frenética e tão frágil.
Sou dada ao avesso do discurso inflamado e cinzento de que não há validade nesta existência pós-moderna. E que vivemos um período caótico, sem passagem de retorno para um certo frescor, indispensável aos tormentos que se manifestam no decorrer dos dias.
Eu, como escritora e futura psicanalista, vislumbro o homem escamoteado, sem suas cascas de "cebola", sem calos ressequidos. Sei que a tarefa é das mais complexas, mas tenho crença de que somos melhores do que nossa suposta construção.
Inventamos uma casa e um ambiente para que o outro nos contemple de longe, com reservas, e nos propague em uma visão míope, reversa. Todavia, temos espelhos embutidos em nós, em nosso espaço interno, no qual ninguém habita. Nele, somos bonitos, de vestido pomposo, e temos rugas também, sulcos de amargura e de intolerância, vaidades extremas e doentias.
Há nesgas em nós, porém, sem alienação, há joias, preciosidades e sorrisos. E nisso deposito a fé que segue meus dias, a ousadia, eu sei, de inventariar novas formas de entender/problematizar o sujeito e suas percepções com os objetos.
Enfim, estou "botando fé" que a gente tem jeito, com uma história e edições lindas demais e uma poesia que se impregna na alma todos os dias, com desejo de se ampliar e propagar. A humanidade, admito, sempre será a matéria - prima mais bonita que reside nos meus versos e nas minhas expressões poéticas, pois costumo acreditar e insistir.