Mi Mi Mi - Jornal Fato
Colunistas

Mi Mi Mi


A semana foi de intensa atividade em torno da programação do Dia Internacional da Mulher. Tenho a honra e o prazer de ser assessora para a Política de Gêneros da Prefeitura de Cachoeiro.

 

Desde que chegamos, estamos seguindo à risca as orientações do Prefeito Victor Coelho de fortalecer e ampliar a rede de proteção. Os primeiros passos já foram dados, e sabemos que há um longo caminho a percorrer.

 

E quando percebo esse longo caminho, penso nas parcerias que serão importantes para fortalecer, ativar e efetivar políticas que garantam segurança e integridade física, moral e emocional aos que estiverem em nossa área de competência.

 

Gostaria de citar especialmente uma ação da semana, que foi a panfletagem no semáforo, com a distribuição de folderes que falam de não violência contra a mulher. Uma senhora, de cerca de 60 anos passou, pegou o panfleto, seguiu em frente e resolveu voltar.

 

Timidamente, falou que apanhou durante toda a vida de casada, mas que, cansada de tanta pancada, resolveu sair de casa há cerca de um ano. Aquilo foi de doer o coração. Vontade de abraçar aquela senhorinha tão sofrida, que a duras penas conseguiu se livrar dos maus tratos, mas certamente carregará pela vida toda as marcas emocionais da violência doméstica.

 

Por esse fato, que alguns podem considerar desimportante, mensuro a relevância de ações que discutam o combate à violência de gênero. Não é mi mi mi de feministas e desocupadas. É preciso tirar o lixo debaixo do tapete, discutir violência doméstica nos clubes de serviços, igrejas, escolas e outras instituições tão importantes para a sociedade.

 

É preciso sair das quatro paredes e ir onde o problema está. Colocar a cara na reta, na rua e colocar o dedo nessa ferida que muitos insistem em ignorar. Como aquela mulher, milhares de outras cachoeirenses passam pelo mesmo problema.

 

Infelizmente não consegui estatísticas locais da violência doméstica, mas ela marca forte presença, inclusive entre as evangélicas. Para as comemorações do Dia Internacional da Mulher, a Prefeitura de Cachoeiro produziu um documentário e mulheres deram seus depoimentos.

 

Ficou claro que em todas as classes e faixas etárias há violência. E ficou claro também que há como superar, mas que é preciso apoio em várias frentes para que isso aconteça. Ao lançar a Campanha do Laço Branco, que pretende unir homens no combate à violência doméstica, a Prefeitura de Cachoeiro dá um passo importante para que todos se envolvam na busca pela solução do problema.

 

Há quem diga que fazer política somente com os homens seja fácil. Que é desimportante. Mas é preciso unir esforços, dar passos modestos, mas firmes e regulares, rumo a soluções sustentáveis e efetivas, que culminem na implantação de uma rede de proteção permanente.

 

Dessa forma o enfrentamento da violência contra a mulher produzirá resultados consistentes. Sabemos de tudo isso e esperamos parcerias que permitam o empoderamento de gêneros através da garantia de direitos básicos e essenciais, mas que infelizmente têm sido historicamente negados. Igualdade de gêneros não é mi, mi, mi. É direito urgente e inadiável.


Comentários