Marataízes, uma história de amor - Jornal Fato
Colunistas

Marataízes, uma história de amor


Conheci Marataízes já na adolescência. Foi amor à primeira vista. E foi próximo ao mar que vivi os primeiros amores e onde foi consolidado o definitivo.

 

Na década de sessenta toda vida social de Marataízes girava em torno da Praia Central. Na praça os jovens se reuniam para jogar vôlei, bater papo e namorar. No centro ficava o "point" onde a juventude prazerosamente curtia as tardes de verão.

 

Na praça do centro foi construída posteriormente uma cabana toda de madeira, pelo Nagib Cade, o primeiro empresário da noite em Marataízes. Naquela época não existiam casas noturnas, as famílias é que abriam suas portas para os jovens ouvirem e dançarem o chá-chá-chá, o rock n'roll, o twist e a bossa nova. A cabana, mais tarde foi denominada de Chalé 70, mudou de endereço e foi perdendo seu encanto inicial. Outro ponto de encontro dos jovens era o Bar do Nagib Meleipe, que tinha como atrativo as balas de caramelo confeccionadas pela Dona Fátima, cujo sabor e consistência eram inigualáveis.

 

O tempo é inexorável. Não há como fazê-lo parar na época de encantamento da nossa juventude. Contudo, nos últimos anos estamos assistindo um retomar da vida, um reviver de atividades e participação popular em Marataízes.

 

Após anos de atrocidades sendo cometidas contra a "nossa" praia, tanto pela ineficácia do poder público, quanto pelo desinteresse da própria população maratimba -- acompanhei tristemente a evolução de tantos absurdos que não vale nem a pena destacá-los todos. Crimes ambientais como a colocação dos "gabiões", pedras cobertas de arame ocupando toda extensão de areia, para tentar acabar com a força das águas atingindo e destruindo os quebra mares, construídos sem nenhum planejamento técnico, portanto sem resultado positivo. A invasão das peixarias na praia central, deixando um rasto de imundície e podridão que invadia mar adentro e exalava à distância. A praça totalmente ocupada por camelôs que vinham somente no verão, sem nenhum respeito e cuidado de higiene e de conservação do local.

 

Durante longo período o que mais se pode sentir foi à ausência do poder público em Marataízes. Felizmente, nos últimos anos aconteceram mudanças concretas, que foram enchendo nossos corações de esperança. Quando falo com o coração não estou exagerando, afinal quem ama Marataízes não troca este balneário por nenhum outro. Faço parte de um grupo bem grande de turistas que são moradores temporários ou proprietários, e esse grupo ama Marataízes, curte esta praia tão bucólica, valoriza a convivência entre amigos que só uma praia como a nossa, ainda não ocupada totalmente por turistas de outras regiões, pode desfrutar.

 

Finalmente podemos apreciar mudanças radicais e favoráveis no centro do nosso balneário. A construção do píer que impediu o avanço do mar e possibilitou o aumento da área de areia numa extensão inacreditável, e a praça de esportes e diversões criadas naturalmente nesse local são as mais impactantes.

 

Não sou maratimba de nascimento, porém como resido em Marataízes por um grande período anualmente, e como vivo momentos felizes de acolhimento e confraternização, com a família e amigos que geralmente vivem distantes, adotei essa cidade e vejo-me hoje satisfeita com as melhorias que estão sendo feitas, apesar do projeto inicial não ter contemplado satisfatoriamente o centro.

 

Ainda falta uma boa reforma na praça central e a concretização da avenida litorânea, que já foi concluída na praia da Barra e grande trecho após o Xodó. Estamos aguardando a finalização do projeto e na esperança é que vivenciamos a cada ano a alegria da chegada e a tristeza que nos abate, quando nos despedimos deste recanto tão apaixonante que é Marataízes, a "linda praia encantada" de Newton e Isabel Braga. E nossa também, modéstia à parte!


Comentários