Depois de todos os absurdos que eu disse ao telefone e de ter chorado por nada enquanto você se arrumava para trabalhar você me abraçou e perguntou o que eu tinha. Respondi que era TPM e você apenas sorriu, me abraçou e prometeu cuidar de mim sempre que eu estivesse assim. Como assim, moço? Nem meu ginecologista cuida de TPM e agora você chega com sorvete, chocolate e colo? De que planeta você veio?

 

Você não abre a porta do carro e nem puxa a cadeira para mim. Já te agradeci por isso? Você não segue as convenções. Acha engraçado quando eu bebo demais ou quando perco as chaves e o celular. Meu amor, os homens daqui não acham a menor graça disso. Se eu dirijo o seu carro e erro o caminho você me pede para voltar e me dá um beijo na testa. Se eu digo que vou cozinhar você pede que eu aproveite o tempo disponível para deitar com você no sofá. Se eu puxo sua coberta no meio da noite você fica aliviado por eu não estar sentindo frio. Você sabe que os meus amigos são só amigos e não uma ameaça que passeia em nossa relação. E aí? Vai contar que planeta é esse?

 

Deixou de almoçar um dia desses para ir ao banco para mim. E que chuva você pegou! Espera pacientemente enquanto eu me arrumo e quando eu te pergunto pela milésima vez se aquele vestido é melhor que o anterior responde sempre com o mesmo sorriso que eu sou linda de qualquer jeito. Cabelo preso? Maravilhosa. Cabelo solto? Fantástica. E se raspar? Combina também. Perfeito. Nunca fez promessas para o dia seguinte, mas sempre garantiu a eternidade de cada momento. Você lembra o nome do planeta onde nasceu ou caiu por aqui de cabeça e agora sofre de amnésia?

 

Menino bonito interplanetário do olhar distante e de voz bonita, sua origem é uma incógnita, mas já nem é importante que eu saiba. Basta que fique por perto para que todos os dias a festa da sua presença inunde o meu espírito. E se um dia um disco voador vier te buscar, por favor, diz que prefere ficar. Mas se tiver que ir não vá sozinho. Me leva com você.