Idoso é igual criança? - Jornal Fato
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Idoso é igual criança?


Sempre ouvi que idoso é igual criança, só que a afirmação é falsa em muitos quesitos e principalmente quando se trata da relação hídrica. Criança adora água e idoso odeia. Como a maioria dos idosos com os quais convivo são de origem europeia, acredito que carregam hábitos dos ancestrais. Hábitos de países frios e que não se adéquam a um país tropical como o nosso. Cito a ancestralidade europeia como referencial, porque os brasileiros descendentes de africanos ou indígenas não carregam como característica a aversão à agua. Observo na praia o comportamento distinto das famílias, enquanto umas ficam curtindo o banho de mar, outras ficam na areia, embaixo das barracas, e evitando a água fria. Meu pai, um italiano da gema, detestava água. Lembro-me dele, já no final da vida, esperneando como um bebê para não ser levado ao banho. E lembro-me dos muitos parentes que nos acompanham à praia e poucos os que entram no mar.

 

Quando construímos a Vila Aconchego, instalamos uma linda piscina para o deleite dos hóspedes. Quanta ingenuidade! Independente da água aquecida e do calor infernal de nossa cidade, nada os motiva e raros os que já se aventuraram a entrar. É enorme o prazer que um cadeirante sente ao constatar que pode ficar em pé na água, mas não maior que a aversão. Hoje a piscina funciona mais como efeito decorativo do que como utilidade.

 

Reconheço-me uma descendente fajuta de italianos, já que adoro banhos e os de mar são os de preferência. Sinto-me rejuvenescer na água - pelo menos psicologicamente, além de me aliviar das preocupações. Saio da água sempre mais cheia de vida do que quando entro.

 

E para comprovar a teoria que aqui expus, lembro da piada da italiana que pergunta ao marido: - Gervásio, hoje você vai me usar? - Não? Então só vou lavar o pé. E lembro também que as generalizações geram exceções, só não são totalmente falsas.

 


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