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Fé e Política


Uma postagem de uma amiga no facebook me fez pensar e repensar na presença de pastores na política. Ela diz, com muita convicção, que quando um pastor abraça a vida pública, ele fez uma escolha muito clara. Virou político e não pode mais ser considerado pastor. O ministério já foi relegado a segundo plano.

 

Aí me lembrei de uma entrevista que fiz com o Pastor José Alves Sobrinho, da Igreja Hebrom, numa época em que estava completamente desacreditada em relação a homens que ocupam os púlpitos das igrejas atualmente.

 

Não quero generalizar, mas falo especificamente daqueles que apenas buscam proveito próprio e pensam só em interesses mais que escusos e têm ganância de dinheiro e poder ao ocuparem os púlpitos das igrejas.

 

Que fazem de tudo (de tudo mesmo) para ocuparem os cargos de direção nas associações e órgãos da denominação que representam, por vaidade e arrogância, para usarem o referido cargo como moeda de troca.

 

O pastor Zezinho, como é carinhosamente chamado, disse na época que não se candidataria a nenhum cargo eletivo. Se fizesse isso deixaria imediatamente de ser pastor. Mas deixou bem claro que não faria essa escolha porque tinha um sacerdócio recebido de Deus. "Deus não mandou que os pastores fossem políticos, mandou que fossem cuidar de ovelhas".

 

Esse não foi o único ponto que me chamou a atenção em sua entrevista. Corajosamente discordava da exploração financeira incentivada dos púlpitos. "A exploração é praticada por indivíduos que trazem um padrão social, para impactar, aparecer, impostam suas vozes e se passam por verdadeiros anjos, mas na realidade são ladrões."

 

Foi mais além. Disse que havíamos voltado ao tempo das indulgências. "É tempo de uma nova reforma".  Na época fiquei muito surpresa com a coragem do pastor.  E pensei que ainda havia esperança. Que nem tudo estava perdido.

 

Ainda existiam pastores verdadeiramente vocacionados, que enxergavam os órfãos e viúvas que frequentavam suas igrejas. Pastores que não se colocavam num pedestal, se recusando a atender os membros na hora que eles mais precisavam, e os procuravam para pedir oração.   

 

Aqueles que correm da igreja durante o cântico do último hino, para não ter que atender nem cumprimentar ninguém no fim do culto. Sim, pastores assim existem. Lamentavelmente. E eles não estão levando o melhor do cristianismo genuíno para dentro da política.

 

Ao contrário, e tristemente, estão absorvendo o que de pior existe na política, contaminando as igrejas com práticas egoístas e exclusivas, quando Jesus Cristo sempre pregou o respeito e viveu e incentivou a inclusão.

 

Outra coisa que o Pastor Zezinho falou foi que se os pastores estão indiferentes aos pobres, não há unção. Infelizmente o vi poucas vezes depois disso. Mas ele renovou minhas esperanças de que nem tudo está perdido. Que Deus o abençoe poderosamente. Meu respeito a esse homem que deve ter defeitos, porque é humano. Mas que não abre mão de servir a Deus de forma plena.  Acredito, cada vez mais, que os púlpitos não podem ser usados como palanques. Cabe aos membros repudiar essa prática. Para quem quiser ler a entrevista completa, segue o link:  http://revistaaltavoz.com.br/ministerio-pastoral/

 

 


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