Como se não houvesse amanhã - Jornal Fato
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Como se não houvesse amanhã


Um versículo da Bíblia, e parte da letra de uma música de Renato Russo/Legião Urbana insistem em martelar na minha cabeça, em dias de luto nacional. 

 

Tiago 4: 14 diz:  "No entanto, não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece". 

 

Trecho da música Pais e Filhos, de Renato Russo, diz que "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar, na verdade não há". 

 

E a tragédia com atletas, dirigentes e jornalistas de Chapecó prova que a vida realmente é um vapor, ou um sopro, como diz o Salmo 144:4. "O homem é semelhante a um sopro; os seus dias são como a sombra que passa". 

 

E que, mais do que nunca, é preciso amar como se não houvesse amanhã. É preciso consciência de que não é tempo de sacrifícios em nome da ostentação, e que a convivência que importa é a movida pelo amor e interesse recíproco.

 

Nossa vida realmente é um vapor que logo se desvanece. Então na lista de prioridades deve estar o relacionamento com familiares e amigos que nos fazem bem e fortalecem o espírito. É preciso amar as pessoas que nos são caras e preciosas, como se realmente não houvesse amanhã. Porque às vezes não há. 

 

Isso é realmente muito sério. Não podemos esperar que tantas morram para externar o nosso afeto por elas. Não podemos nos encontrar apenas nos velórios de parentes e amigos. É preciso se importar mais. Alimentar o hábito saudável de rir das coisas bobas, ditas por um amigo num despretensioso happy hour. 

 

Os moradores de Chapecó, encantados e apaixonados por seu time, externavam todo o seu amor pelos atletas que projetaram a cidade para o mundo. Não esperaram que morressem para valorizá-los. E nos deixam uma lição preciosa. 

 

É preciso torcer, aplaudir, marcar presença, vibrar com cada conquista, que não era individual, mas do coletivo chapecoense. No vapor que se esvanece, e no sopro, ficam as homenagens que já foram prestadas em vida, inúmeras vezes.  

 

E é assim que tem que ser. Pena que às vezes essa percepção chegue tarde demais, quando choros e velas não podem mais suprir as palavras e gestos negligenciados. A indiferença não pode fazer morada em nós. 

 

O mundo homenageia nossos atletas. Os colombianos esqueceram a disputa, o título da Copa Sul Americana e solidaria e generosamente, pedem que ao Chapecoense seja dado o título de campeão.  

 

As manifestações de solidariedade ante a tragédia, anunciada, percebemos diante das últimas notícias (que história é essa de faltar combustível, gente?) não devem nos paralisar. Ao contrário, devemos nos mover. 

 

Aproveitar o Natal e levar o seu espírito para o Ano Novo que bate às portas. Externar amor em tempo integral por aqueles que merecem saber que somam, e fazem diferença em nossas vidas. Porque pode não haver amanhã.

 

Que seja logo, porque a vida é um sopro. E se nós pensarmos bem, na verdade não há amanhã. Se o amanhã é uma incógnita, que vivamos intensamente cada minuto.

 


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