Brincadeiras de criança - Jornal Fato
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Brincadeiras de criança


Brincar de pique esconde, pique alto e pique bandeira; garrafão, cabo de guerra e pula carniça. Bola de gude, pipa e pião; amarelinha, pula corda e porco. Andar de bicicleta, jogar queimada e Brasil declara guerra - essa última não tenho certeza de se chamar assim. Foram essas algumas das brincadeiras de minha infância, junto com meus irmãos

 

Mais tarde, morando novamente do lado de cá, perto da Santa Casa, chegou a vez das peladas. Elas eram disputadas com bolas de plástico na R. Dr. Raulino de Oliveira, mesmo sendo uma ladeira, ou em algum dos diversos terrenos balidos que havia então ali por perto. A casa em que morávamos nessa época tinha um quintal pequeno; mesmo assim não faltavam árvores em que pudéssemos nos aventurar, escalando seus galhos e troncos. Mangueira (manga espada), abacateiro, coqueiro e acácia amarela, que florescia a maior parte do ano. De qualquer forma, havia muitas outras mangueiras, jaqueiras e fícus naquela região, nos idos anos 1970.

 

Durante as férias de verão em Marataízes, era praia de manhã e à tarde as mesmas brincadeiras daqui, até as aulas recomeçarem. Todo ano, nessa época, também saíamos num dia caminhando até a Lagoa do Siri, quando a praia era uma só linha contínua e o mar ainda não a havia destruído, às vezes indo até um pouco mais além. Na semana seguinte fazíamos o percurso contrário, bem mais cansativo, indo até a desembocadura do Itapemirim, na Barra. Passávamos pela Bacia das Turcas, Praia da Morte, da Areia Preta, Praia da Colônia, uma última que já não me lembro do nome e, enfim, a Praia da Barra, quase tão extensa quanto a praia principal de Marataízes. Lá chegando, caminhávamos sobre as pedras do dique até a pequena ilha, bem em frente. E também voltávamos à pé, via de regra, pelo mesmo caminho, chegando em casa já ao anoitecer, extenuados. À noite, muita conversa e algumas partidas de bisca, buraco ou uma paciência solitária. Havia dias, também, em que saíamos para caçar guruçás, munidos de lanternas e latas de querosene, onde os guardávamos. Depois de brincar um pouco com eles, os soltávamos novamente na areia da praia.

 

Nas férias escolares do meio do ano, após a festa de Cachoeiro, íamos para Alegre e ficávamos na casa de nossos avós maternos. Durante uma semana ou duas brincávamos de acampar com os primos nas escavações do prédio que meu avô Elias estava começando a erguer. Também engraxávamos sapatos na rua e vendíamos algumas frutas colhidas no pomar de tio Francisco - afinal, como netos de libaneses que éramos não podíamos negar a nossa raça. E, claro, brincávamos muito de pique, garrafão, porco...

 

Há quem possa falar que isso sim foi infância, hoje em dia não é assim! É, pode ser, mas cada época tem seus costumes e tudo passa, tudo muda; nada permanece o mesmo. Mas que minha infância foi boa, ah se foi!

 


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