Atravessar um parreiral - Jornal Fato
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Atravessar um parreiral


Tenho ouvido expressões bem interessantes, mas "atravessar o parreiral" foi inédita para mim. Não sou expert em assunto etílico, apenas uma expectadora passiva, e meu educado amigo falava, no sentido figurado, sobre o excesso de vinho que, presumivelmente tomou, com amigos, no exterior. No nosso país chamamos de manguaça, fogaréu, pileque e embriaguez; e ele, cavalheiro como é, usou uma expressão polida.  E fiquei imaginando o resultado de quem atravessa um canavial ou um campo de cevada E veio-me a lembrança os verões em Marataízes, tempo de lazer e confraternização, quando, com nossos amigos, nos encontramos na praia, nas casas, nas festas. A bebida preferida do brasileiro, no calor, é a cerveja. E quantos campos de cevada, parreirais e canaviais são atravessados e literalmente derrubados e dizimados!

 

Beber é prazer de todos os povos, em todos os tempos. A história dos antigos está repleta de citações, em que se comemoram vitórias sobre outros povos com muita bebida.  Lemos em livros ou vemos em filmes, gregos, romanos ou bárbaros, tendo sempre em mãos uma taça de bebida. Em geral o vinho era a bebida comum, a Bíblia cita o hábito de beber vinho como algo natural entre os judeus, basta comprovar o fato de Jesus ter realizado o seu primeiro milagre nas Bodas de Caná, quando transformou água em vinho.

 

Como leiga observo que a bebida possui um limite no organismo e seu consumo possui etapas distintas. Existem as pessoas que sabem beber e param quando chegam ao seu limite, outros ultrapassam e sabem até administrar o exagero. E outros mais, infelizmente a maioria, tornam-se inconvenientes, chatos, pegajosos, e pior ainda quando exercem a função de consortes. Não consigo distinguir diferenças de gênero no bêbado chato, mas mulher bêbada, faça o favor! O homem fica desagradável, a mulher idem, os direitos são iguais também no porre, só que mulher é comprovadamente mais fraca para bebida. Conheço homens que derrubam uma garrafa de uísque e continuam intrépidos e outros que, nas doses iniciais já perderam o rumo.  Tomei um fogo horroroso quando jovem, na despedida da turma de segundo grau, acredito que daí a aversão por bebidas, no máximo um prosecco, uma Malzebier em memória do meu pai e caipivodka no Carnaval -  porque ninguém é de ferro, e o álcool lubrifica os ossos e juntas, além de molhar a palavra e a garganta dos tímidos. Sempre com moderação.

 

 


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