Percorrendo com Celso as ruas de Cachoeiro  no último domingo, 1º de janeiro, sob um calor californiano de quase 40 graus, com sensação térmica bem maior, lembrei-me de minha adolescência quando ficava ansiosa à espera de um generoso convite para passar alguns dias na praia de Marataízes, uma cidade próxima daqui. Minha família, moradora de aluguel, não tinha condição de ter uma casa de veraneio.

 

Do réveillon ao início das aulas, a cidade fica muito vazia, sobretudo durante os finais de semana quando a maior parte da população busca a brisa do mar. E eu tinha pânico em pensar que teria de ficar por aqui, no calor escaldante de uma cidade praticamente deserta. Confesso, que ficava incomodada com a sensação de solidão que esses dias traziam. Procurava passar direto de ano na escola, para ter o quanto antes a tal sonhada férias.

 

Como me empenhava, e creio que Deus ajuda a quem cedo madruga, Ele provia. Minha mãe, muito querida, sempre recebia convites para eu ficar na casa de uma ou outra família conhecida dela.  E lá ia eu, feliz da vida. Sempre muito desinibida, fortalecia os contatos daqui e dali, e assim conseguia passar o verão na praia, realizando o meu pequeno desejo. Bons tempos, tudo efêmero, mas intenso.    

 

Hoje sinto-me realizada pelas opções que minha família proporciona aos filhos, podendo escolher para onde querem ir. Sinto-me muito abençoada porque afinal de contas, o que uma mãe mais sonha nessa vida é oferecer ao filho tudo aquilo que não teve.

 

E sigo, com fé,  pedindo saúde para proporcionar muitos verões à Guta, cheios do encanto que todos eles trazem a qualquer adolescente.