A vida-morte-poesia - Jornal Fato
Colunistas

A vida-morte-poesia


A morte vem visitar o tempo.

E ele desbota com as emoções e os afetos.

E, dentre os fracassos, a gente desgasta.
A gente esgarça feito tecido que apodrece, se perde nos fios.
É tempo dado, doado, perdido.
A vida escorre entre danos e perdas.
E a arte alimenta o corpo, os desníveis e as frestas.
As palavras alinham o escorregadio e o pleno.
Ela embolsa o que não foi dito, o que se esvai entre os achados e sentidos.
O corte que demarca o homem e o seu legado.
As marcas do desconhecido e senhor.
As fendas deixadas nos cantos e espaços.
As esperanças descosturadas.
O amor espreitando nas portas.
A morte e seus embates dentre as cenas e marés.
Dos rios que encharcam a alma.
Das águas que assombreiam o coração.
Das vidas que purificam os homens.
Não há respostas nem tão poucos ventos.
Há caminhos de encontros e finitos.
Há passos e deslaços.
Permanência dos embargos e dores
em prantos de poesia.

 

*********

Sou das imprecisas penitências.
Das margens que habitam meu reverso,
os outros lados camuflados pelas rugas e nesgas do tempo e espaço.
Tenho desamparos em tantos rostos e versos.
Espreito as ausências que dilaceram minha vida interna.
A alma que teima doer e pernoitar no corpo.
-sem lágrimas ou ventos-
Danoso é viver na espera.
É serenar o amor que visita.
O amor que ampara as palavras.
Os espaços refrescam a casa e minha vontade danada de renascer.
Eu escapo e transbordo.
Sou resistente e insisto em nascer.
Viver dilacera e preenche.
Amarguras são afetos mal curados.
"Vinde que estou cansada"
Esperança anuncia tempos nascidos.
E meu descanso refrigera as imperfeições.


Comentários