A tristeza é combustível! - Jornal Fato
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A tristeza é combustível!


"Não se mexe em time que está ganhando", diz a sabedoria popular e os 200 milhões de técnicos brasileiros, mas se mexe em time que está perdendo! Sim, a perda é construtiva, é inspiradora, é renovadora e pode nos impulsionar na vida, nos catapultar a novas experiências.

 

Como filhos dos gregos, que somos, aprendemos a só valorizar a vitória, as conquistas, a buscar um tipo de felicidade platônica, aquela que constrói a existência idealizada, longe das aflições e tribulações corriqueiras do chão da vida.

 

As pessoas passam seus dias tentando evitar a dor, o sofrimento, a decepção. Buscam, a todo custo, uma forma de se blindarem contra aquilo que não produza prazer ou satisfação, fogem de decisões difíceis, escolhem atalhos, evitam o confronto.

 

Eis aí está a nossa tragédia! Pois a tristeza é combustível, degustá-la é preciso, pois pode trazer-nos momentos preciosos, é capaz de aguçar a consciência, de nos levar a reflexão, ao reconhecimento do erro, a ponderação e até ao ócio criativo.

 

Não à toa, diz o sábio do Eclesiastes: "Com a tristeza do rosto, se faz melhor o coração". De fato, é na solidão e na cinza das horas que aprendemos valores mais excelentes para o existir, é quando falimos que damos o valor devido ao trabalho, quando nos separamos entendemos o quão precioso é ter alguém para partilhar a dureza dos dias, e quando adoecemos passamos a valorizar mais a saúde e o bem-estar.

 

Na década de 1980, a IBM passou por uma grave crise e precisou se reinventar. Ela perdeu terreno para a Microsoft e para a Apple, duas empresas de "fundo de quintal", criadas por jovens empreendedores da tecnologia, mas que despontaram para protagonizar o novo mundo da microinformática, aproveitando o espaço deixado pela gigante dos computadores.

 

Mas o aparente fracasso, levou a companhia a buscar novas alternativas e a se requalificar e, em menos de uma década, a IBM já despontava novamente como uma das "big five" da tecnologia mundial.

 

Creia, a tristeza tem um valor inestimável! Muitas das produções de gênios da modernidade e da era contemporânea se deram em meio a depressão e melancolia, a solidão e a profunda tristeza.

 

Foi o caso do maestro Beethoven, do pintor Van Gogh, da escritora Clarice Lispector e do filósofo Nietzsche. Vinícius, o nosso "poetinha" da Bossa Nova, afirmou certa feita que pra se fazer um samba era preciso um bocado de tristeza, pois a dor é o tempero da poesia e das grandes composições.

 

Você está triste? Então pegue a sua dor e cria algo novo, reveja conceitos, revisite ideias que foram descartadas, pinte uma tela, escreva um poema, faça uma canção, produza algo inovador, abra um negócio, mande flores para a mulher que não lhe dá bola, tome um banho de chuva, saia do casulo e abrace a vida, pois ela, certamente, lhe recompensará.

 

Leandro Vieira - Professor e Conselheiro Tutelar


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