A nova Câmara e os velhos vícios - Jornal Fato
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A nova Câmara e os velhos vícios


 

Com os políticos na berlinda devido aos sucessivos escândalos de corrupção, surge em Cachoeiro de Itapemirim um grupo de vereadores que assume propostas éticas capazes de revolucionar a gestão da Câmara Municipal.

 

Os seis parlamentares, Carlos Miranda e Diogo Lube, ambos do PDT, Paulinho Careca e Sílvio Coelho, do PRP, Renata Fiório (PSD) e Braz Zagotto (SD), construíram um projeto para a governança da Câmara que aponta para redução do "custo de cada vereador" para o dinheiro público e a aproximação entre o Legislativo e a população.

 

Querem a redução do número de cargos comissionados, inclusive de assessores dos vereadores, ao estritamente necessário para o bom funcionamento da Casa, que está prestes a superar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. O gasto com pessoal já se aproxima do teto, de 70% e, caso nada seja feito, o ultrapassará.

 

Pregam também a independência para fiscalizar os atos do poder Executivo, maior divulgação dos atos do Legislativo, inclusive com criação de rádio web, comissões mais ativas e agendas oficiais da Câmara nas comunidades. Querem, em resumo, ética e moralidade no trato da coisa pública.

 

Embora aproximem a Casa de Leis daquilo que institucionalmente deveria ser, as diretrizes são incomuns. Num sistema viciado desde a raiz, em que, historicamente, a campanha pela mesa diretora e também o relacionamento com o Poder Executivo são pautados pela barganha de cargos por votos, propõem justamente o contrário.

 

Tentam, pela exposição dessas ideias, conseguir adesões dentre seus pares. Ou mesmo romper o isolamento a que foram relegados com a formação de outro grupo, composto pelos 13 parlamentares restantes, desde que aquilo que defendem seja encampado. Emplacar nomes na mesa diretora é secundário. O importante é que as novas diretrizes pautem a gestão do Legislativo na próxima legislatura.

 

Mas não são ouvidos. Nas reuniões que já houve, a eles é dada a opção de ingressar no grupo de 13, desde que aceitem tudo o que já foi definido. E o definido, até agora, foi apenas a composição da mesa diretora, encabeçada pelo vereador Alexandre Bastos (PSB). Nenhuma proposta. É isso ou bater chapa e perder pelo placar de 13 a 6 a disputa pelas posições.

 

Se não há diálogo entre os 19, os seis buscam conversar com a sociedade. Assim, têm visitado veículos de comunicação e outras instituições para apresentar suas proposições. E percebe-se que fora das confabulações internas, suas ideias são bem aceitas. Situação que já revela a dissociação da maioria da Câmara da maioria da sociedade.

 

É um sintoma preocupante, pois as eleições municipais deixaram claro o desejo de renovação, de mudança. Porém, por enquanto, as propostas de renovar e mudar não tem encontrado eco na maioria do "novo" Legislativo.  Prevalecem os velhos vícios.

 


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