A força da empatia - Jornal Fato
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A força da empatia


Nessa pós-modernidade, tanta se fala em ser empático, em sentir a dor do outro, manifestar solidariedade ao próximo. Principalmente, em terras de redes sociais na qual presenciamos o tempo todo, usuários disseminarem ódio gratuito, com toda naturalidade, nas manchetes jornalísticas e até em posts culinários. O ser humano contemporâneo parece ser alimentar do ódio externado e ser esquecer que a vida é uma roda gigante daqueles parques de diversões bem chinfrim, que a qualquer momento podemos ser arremessados de cara no chão - cinzento e gélido.  Aí, que entra a tal da empatia ....

 

Na verdade por meio de gestos pequenos a gente consegue ser empático, sabia? Quando você presencia uma pessoa se machucando ao tropeçar numa calçada e ajuda-a, quando você cede sua vez na fila da padaria ou da loteria porque percebe que o outro tem mais pressa do que você. Quando você vê um acidente e não tira foto do acidentado, não compartilha essa foto, não envia essa foto em todos os grupos que você tem, você tá praticando o respeito à família da vítima, você tá sendo empático.  

 

Afinal, o que eu não quero para mim eu não vou querer para outros? Imagine se for um parente de algum amigo meu. Será que eu iria gostar de saber da morte do meu familiar pela exposição de paparazzis alheios? Empatia não é sentir a dor do outro, na verdade é sentir a dor com o outro. Acho até que pode ser considerada, aquele glacê de bolo de aniversário de criança, que alguns jogam fora, enquanto outros se lambuzam, ou seja, é algo intrínseco, não tem como forçar.

 

A força da empatia está num abraço fraterno ou até mesmo num post compartilhado com amor nas redes sociais. A força da empatia está no silêncio solidário num velório, que a gente mesmo sem palavras, estende a mão para o outro. A força da empatia está em sentir a compaixão por uma tragédia, um assalto, uma perda - mesmo que no Japão, Síria ou até no Oiapoque.  Não precisamos ser íntimos para sentir. Apenas, precisamos sentir. Sentir o que a boca não diz, mas o coração expressa.

 

Empatia é você saber que o a barco tá afundando, mas mesmo assim, dividir aquele último colete salva-vidas. É saber que seu amigo não tem dinheiro pro rolê de sexta-feira, mas combinar com ele de vê filme na Netflix, em casa mesmo. É você deixar sua amiga ouvir aquelas sofrências ridículas, porque você sabe que ela ainda não superou o ex. É, em dia chuvoso você estender o guarda-chuva para uma senhora desconhecida, que acabou de sair do salão com "visu" escovado.  

 

Que seja o motorista da sua linha de ônibus, o moço que vende amaciante na sua rua todos os dias, o carteiro que entrega suas correspondências, o afilhado da tia de sua namorada, ou o vizinho do amigo do primo por parte de pai, que seja ...  São pessoas. Por isso vivemos o agora, pratique a empatia, porque como diz o clássico de Ana Vilela, na vida "a gente é só passageiro prestes a partir".

 

* Texto em homenagem aos familiares e amigos de Fabrício Magalhães, também em homenagem aqueles que se foram cedo demais, e também aqueles que estão por ir.


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