Uma tarde portelense em Atílio Vivácqua - Jornal Fato
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Uma tarde portelense em Atílio Vivácqua

Diretora da Velha Guarda da Portela, do RJ, é homenageada em município do Sul do ES


- Foto: Divulgação

Na tarde do dia 17 deste mês, um sábado de céu nublado, o casal Milton Mello Júnior (Miltinho) e Rozilene Mendonça (Rozi) organizou uma festa no terraço de sua residência, em Atílio Vivácqua - ou, simplesmente, Marapé -, no Sul do Espírito Santo, para comemorar seus 15 anos de união. Ele é cover do cantor cearense Raimundo Fagner e foi secretário de Cultura, Esporte e Lazer do município. Ela é assistente social. 

Mais do que vida, amor, lar e intimidade, Miltinho e Rozi dividem a paixão pela Portela, a "Águia de Madureira". A agremiação, a título de curiosidade, é a única do Rio de Janeiro a alcançar seu primeiro centenário, completado no último dia 11 de abril - na véspera (10 de abril), Atílio Vivácqua fez 59 anos de emancipação política.  

Detentora do posto de maior campeã do carnaval carioca, com 22 títulos, a escola foi o tema da celebração do casal, regada a samba (que ficou por conta dos músicos cachoeirenses Renê de Oliveira, Zé Geraldo, Amarildo Souza e Sebastião Pinheiro), chope, feijoada, churrasco e um punhado de bons amigos. 

Sabe aquele clichê publicitário segundo o qual "o aniversário é nosso, mas quem ganha o presente é você"? Miltinho e Rozi homenagearam, na ocasião, Dona Cleonice Vianna, a Tia Cleonice, diretora da Galeria da Velha Guarda da Portela. Vinda diretamente de Campo Grande, Zona Oeste carioca, ela tem 73 anos, está na agremiação há 39, é a segunda porta-bandeira da Velha Guarda e, desde 2013, ocupa o cargo de diretora da galeria. 

"Vim convidada pelo casal de amigos, que conheci na quadra da Portela. Prontamente, aceitei. Falei com meu presidente [da escola de samba], expliquei quem são, e ele liberou. Porque vale muito a pena ter amigos. A vida é tão curta, e a gente deve aproveitar os bons momentos. Eu, então, aproveito ao máximo. Tudo que vem para mim, eu aceito, porque a vida da gente é um sopro", comentou, simpática e modesta.

 

Tem uma enciclopédia da Portela no Aquidabã 

Ao lado de Tia Cleonice, enquanto conversava com este cronista-repórter que vos escreve, estava Seu Pedro José da Silva, de 69 anos, que, embora resida no bairro Aquidabã, em Cachoeiro, parece viver em Oswaldo Cruz, bairro do Rio onde a Portela foi fundada. Profundo conhecedor da escola de samba azul e branco (as mesmas cores de sua roupa no momento do bate-papo), tal qual uma enciclopédia da agremiação, ele guarda na cabeça - coberta, ali, por um indefectível panamá - os compositores e o ano de cada samba-enredo, além de estar inteirado dos bastidores da atual diretoria. 

"Sou Portela desde 1972, quando servi ao Exército, no Rio de Janeiro. Sempre que volto lá, se eu não passar na Portela, é a mesma coisa que ir a Roma e não ver o Papa. A Portela, para mim, é como o samba antigo do Monarco: 'se eu for falar da Portela, hoje eu não vou terminar'. Para quem me conhece, eu falo que, se durante um dia eu não cantar ou memorizar pelo menos um samba da Portela, é porque naquele dia eu não estou bem", confessa Seu Pedro, sem esconder as lágrimas.   

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