O tempo urge, e eu, sem tê-lo para me debruçar nas últimas pautas (sejam estas muito aquém de irrelevantes ou, o que é pouco provável, realmente dignas de atenção), apenas hei de espalhar um punhado de safadezas. Faz parte do jogo do tolo. Sem dolo, só com enrolo, sambarilove.
Escrevi ?safadezas? porque, acostumado à moda Bangu de levar as coisas no... na rima, prefiro tal palavra ao termo ?miudezas?, tão em voga na atual juventude-alecrim e, por este motivo, tão hipócrita.
Bem, numa conversa online com meu velho Sávio Lopes, nesta semana, confidenciei-lhe que a garbosidade que me caracteriza é um misto de cafonice suburbana com sutileza elitista. Risos virtuais, constrangimentos reais.
Sávio, para quem ainda não tem o prazer de conhecê-lo, é referência única ? e incopiável ? do nosso mercado local de livros usados, além de uma fusão, singularíssima, entre Antônio Abujamra e Marcelino Freire.
Já defendi, no verão retrasado, que só damos valor à vida quando estamos na fila da lotérica. Mantenho a afirmação, ponderando, agora, que enfrentá-la (a fila, mas não porque qui-la) em companhia do fone de ouvido pode tornar essa experiência, aff, menos traumática.
Ainda na mesma estação, alertei aos cachoeirenses que não deveríamos nos espantar se, em algum momento, fôssemos surpreendidos com uma peça publicitária da mais célebre empresa de salgados da cidade afixada no Pico do Itabira, coberto qual enroladinho de salsicha. No topo da pedra, o sorridente busto do proprietário da empresa.
À época, ao tomar conhecimento de minha sugestão e aprová-la, ele a julgou ?massa?.
Inclusive, eis um vocábulo que, volta e meia, também me circunda: massa. Vai uma coxinha de cronista com catupiry? Um pastel recheado com versador e camarão que dorme a onda leva?
Não, não costumo pronunciá-la. Uma vez natural da Zona Norte carioca (?feito cigana lendo a minha sorte?), não abro mão do ?maneiro?, sucedido pelo ?pô?, esse afável traço chulo-bairrístico. ?Massa? eu deixo na conta dos amigos destas bandas de cá, que tão calorosamente me acolhem.
Cada gíria na sua boca.
Aliás, fiquei louco ao saborear de novo, depois de quase sete primaveras, o ?Sabor tropical? gravado por Wando, em parceria com Roupa Nova. Trata-se de uma canção caribenho-lincoln-olivettiana carregada de cafajestagem, disfarçada por um eu-lírico de todo submisso aos abusos de sua donzela.
Ah, antes que eu me esqueça: Wando já tirou foto com mamãe.