Quinta-feira, quatro de maio

Naquela data, completaram-se três anos que, vitimado pela Covarde-19, o compositor e cronista carioca Aldir Blanc, além de psiquiatra, partira num "num rabo de foguete"...

26/05/2023 08:42
Quinta-feira, quatro de maio

Antes de sair ?pra batalha pelo pão de cada dia? ? e ?a fé que trago no peito?, como no samba, ?é a minha garantia? ?, rezei pra São Sebastião e, também, pra Aldir Blanc. Naquela data, completaram-se três anos que, vitimado pela Covarde-19, o compositor e cronista carioca, além de psiquiatra, partira num ?num rabo de foguete?...  

À tarde, lá pelas 14 horas (e no resultado da banca, ao invés de Bezerra, deu burro na cabeça, milhar-emergência 9111), lia eu que a Prefeitura do Rio havia inaugurado, pela manhã, a alameda, o busto e o jardim em homenagem ao Blanc, no bairro da Muda, na Tijuca, quando então chorei com saudades do poeta da Guanabara. 

Parênteses. Jamais pude conhecê-lo pessoalmente. Contudo, em acalentada compensação, tive a alegria de, vez ou outra, prosear com ele por e-mail. 

Bom, chorava eu quando tocou meu telefone. Do outro lado da linha, enfim retornava meus contatos, e com boas notícias, a fonte de uma pauta com quem, há semanas, eu tentava apurar informações. Porém, feito o diabo ? igual a mim, o tinhoso deve ser de Virgem, o que, ?só de imaginar, me dá vertigem? ?, a ironia mora nos detalhes. Essa fonte era um psiquiatra. Tal como Aldir. E aí? 

Delirando com tamanha coincidência, fui à varanda do edifício no qual trabalho (visto que o horário não me permitia um chope, eu precisava tomar um fôlego, pelo menos) e relatei o ocorrido, em áudio, ao meu irmão Stéfano Fabris, também devoto de nossa Santa Sincronicidade, canonizada pelo destino como padroeira dos viajantes em maioneses e ?palitos de picolé?. 

Enquanto eu gravava a mensagem, mais uma surpresa: naquele mesmo instante, entrava no pátio de estacionamentos do prédio, no bairro BNH de Baixo, em Cachoeiro de Itapemirim, um táxi do... Rio de Janeiro. 

Homem de fé ? e de axé ?, desci ao pátio, incrédulo. Sim, fui averiguar de onde viera, especificamente, aquele veículo. Até que três pessoas (um jovem, um senhor e uma moça) me chegaram... 

? Pessoal, perdão pelo incômodo. Vi que esse táxi é do Rio. Vocês são de lá?

? Sim. 

? Bacana. Também sou carioca. 

? Legal. 

? E de qual lugar vocês são? 

? Da Tijuca. 

Chorei de novo. Pois não me restava nenhuma dúvida: Aldir Blanc escutou minhas preces matinais.

 

**** 

Pra meter atestado, vagabundo, que é destro, até diz que é canhoto. 

? Por Deus, Felipe, mandei essa. E ganhei não um, mas dois dias de atestado. 

? Que ?maravilha?, hein? 

? Só que ganhei uma baita injeção de Voltaren. Doeu tanto, que voltei pra casa mancando. 

? É, tudo que vai, Voltaren.