Não frequento bailes de gala, encontros de empresários e ambientes afins da argh society da cidade. De maneira que o meu lugar é, com descaralhado orgulho, a periferia.
Por aqui, grã-finagem, um de meus redutos são os pés-sujos, que me conferem a nobreza que herdei de minha família: mamãe já comandou um buteco de esquina, em Braz de Pina; e vovô, ex-apontador de jogo do bicho, teve três biroscas, em Marapé.
Só no bar você ouve um humilde ?caboclo bebedor de cachaça? ? e suas aspas são um grau elevado de autocomenda ? assoviar que, quando guri, brincava de adivinhar animais em nuvens. ?Quase toda ilusão é boa?, ensina ele. Algum doutor se atreve a refutá-lo?
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Deu mais uma tragada no filtro branco, bebeu mais um gole de cerveja e, então, redesenhou o sol que nascia por detrás das pedras, na quebrada da qual é cria. Relembrou o futebol com os amigos de adolescência e o convívio com sua matriarca, aniversariante daquele sábado.
Abaixou o bico do boné e tentou dichavar as lágrimas. Em vão. ?Mais tarde, vou almoçar com ela.? Até o fechamento desta crônica, não se soube se, depois dali, chorou a contento. Ou de arrependimento.
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Para se alcançar uma vida saudável, não basta dormir oito horas por noite, ingerir água morna com limão em jejum, evitar sertanojo universotário, praticar atividades físicas (há, inclusive, quem prefira porrinha) ou crer na queda dos juros do Banco Central, entre outras recomendações cretinas.
Também é essencial jamais incluir linguiça de churrasco na marmita do dia. A exemplo dos desígnios do acaso, tal opção de cardápio ? mesmo quando oriunda do nosso restaurante de fé ? pode reservar surpresas.
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Vi, ontem, uma estrela cadente citar uma estrofe de Gilberto Gil. Cedo, firmei um pacto com a poesia. Combinamos que, de hoje em diante, ela tem liberdade para se manifestar em mim (e sem beletrismo, que de cafonice o mundo, assim como o inferno, está cheio) até nas conversas desimportantes.
Agora, ?se você não concordar, não posso me desculpar? ? e, caso queira me denunciar, o endereço do Procon é na...
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Neste 2023, que já se aproxima do fim (situar a posteridade é preciso), está no pé do povo um tipo equivocado de chinelo, grosseiramente borrachudo ? sorry, minha cara redundância ?, que nos remete às noventistas sandálias Rider, uma memória olfativa nada confortável.
Bom, o calçado da última moda (espero que tu não o tenhas, coração) é a calcinha bege dos pezinhos femininos.