Ao pé da letra

Eu pretendia falar da borboletinha branca que, no último domingo, pousou bem no meio da minha cabeça...

14/07/2023 10:14
Ao pé da letra /imagem ilustrativa

Ao pé da letra 

Mais do mesmo, eu pretendia falar da borboletinha branca que, no último domingo, pousou bem no meio da minha cabeça (do meu ori, Fiúza; anote mais esta), no momento em que os ventos proseavam comigo. Pensei, ainda, em escrever sobre a trupe que desembarcou, nesta semana, no descampado perto do nosso cazuá, onde, junto às lonas do circo, será armada a futura lembrança de alguma criança que, no pretérito mais-que-perfeito, era eu. 

No entanto, mestre Drummond (saravá, mineiro!), tinha uma frase no meio do caminho: ?Tudo vira notícia?. Máxima tão calejada quanto dedo de redator à moda antiga, dos tempos da Olivetti. Que não é o Lincoln, o ?mago do pop?. Contudo, o que de dedo e de pop couberam nessa premissa jornalística, recentemente, foram os pés da cantora Anitta. Como naquele slogan, aconteceram, viraram manchete.  

Só porque o affair da artista carioca, o ator italiano Simone Susinna, inovou na forma de oficializar um relacionamento amoroso. Desprezando textões ou quaisquer outros convencionalismos, ele ? que, igual a mim, conhece o melhor da vida ? simplesmente postou nas redes sociais um vídeo no qual beijava os pezinhos de sua namorada. Bravo, bambino! Taí um exemplo que eu vou levar para a minha vida. Ao pé da letra.

 

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FEL, MINHA BOCA TEM O FEL: De vez em quando, até a poesia me cansa. Nessas ocasiões, sinto ânsia de fel. Mas não o cuspo na rua, porque aprendi a respeitar a sacralidade do chão, no qual jogo apenas o primeiro gole do dia. Um rito reconhecido, inclusive, pelo bispo Edir Macedo-ou-mais-tarde. Quem diria. Em entrevista ao Roberto Cabrini, há alguns anos, ele comparou a extorsão, ops!, o dízimo de sua igreja ao gole pro santo, este, sim, purificado (ou destilado) em devoção e intenção. 

Ah, antes que eu me esqueça: a poesia, pelo contrário, jamais se cansa de mim.

 

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É A RITA, É BONITA E É BONITA: Sempre evitei, em meus textos, todo e qualquer caráter opinativo. Porém, não resisto a dar meu pitaco na polêmica em torno do comercial dos 70 anos da Volkswagen no Brasil, protagonizado por Estrelis Regina, ?rediviva? por inteligência artificial, e por sua filha, a cantora Maria Rita (cada vez mais versada no samba de terreiro). Ocorre que, entre quem o desaprova e o elogia, eu fico ? ao modo Gonzaguinha ? com a pureza das lágrimas de Maria Rita.

 

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URUBU, NA PAZ, NÃO É GALINHA: O gaiato, num dia feliz, enxerga beleza e lirismo até no voo do urubu. Ele haverá de rimá-lo com Caracu ? é o que horário permite ? e, num verso decassílabo, verter a carniça em fina flor (da malandragem). Podem apostar, do primeiro ao quinto, que vão chamá-lo de maluco ? e quem, hoje, não é? ? ou de herege. O que em nada vai magoá-lo. Zombeteiro, devolverá a seus potenciais detratores que ?mais vale um urubu voando do que duas galinhas na mão?.