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Um pouco de Cautela

Banho de mar, quem não gosta? Vários Estados brasileiros são agraciados com belas praias e os moradores desse país tropical não resistem a um agradável banho em suas águas


Foto: Marta Helena

Banho de mar, quem não gosta? Vários Estados brasileiros são agraciados com belas praias e os moradores desse país tropical não resistem a um agradável banho em suas águas.

Contudo, as mesmas águas que dão prazer, atraindo sorrisos e suspiros, por vezes, surpreendem os banhistas por sua violência e pelos seres que têm nelas seu habitat natural.

Com isso descobrimos que nem sempre surpresas são boas: às vezes vêm recheadas de dor e de sofrimento. Igualmente, aprendemos que nem sempre as dores são imprevisíveis, pois algumas poderiam ser evitadas com um pouco de cautela. Mas a juventude traz em si uma coragem e uma impulsividade que tira, precocemente, a vida de muitos jovens, ainda cheios de expectativas de vida.

O sentimento de tudo saber acrescido da ainda não plena maturidade - se é que alguma idade é inteiramente madura? -, inerentes aos jovens, os impedem de compreender que tragédias acontecem em qualquer fase da vida.

Há algumas semanas, em meios a tantos dramas vividos pelos brasileiros, mais uma família sofreu a dor de perder um ente querido que, como dizem, na flor da idade, teve a vida ceifada por não entender os limites impostos por placas, por salva-vidas, por tragédias, no mesmo local, antes vividas por outros que, antes dele, cometeram o mesmo ato de impulsividade.

Faço referência a José Ernesto Ferreira da Silva, jovem de 18 anos, que, na Praia de nome Piedade, localizada no Grande Recife, que de piedade seus habitantes naturais não têm nada, foi atacado por um tubarão implacável cujo instinto agressivo não lhe deu a percepção do tamanho da dor e do trauma que suas mordidas causariam na vida de uma família, de muitos amigos e de todos que se compadeceriam com o sofrimento alheio.

Era um jovem que, segundo a mãe, era apaixonado pelo mar e, por isso, sempre ia com amigos, mas sem dizer para a genitora, pois ela, mais consciente, não o permitiria se arriscar.

Naquela praia de Recife muitos são levados ou mutilados por ataques dos moradores, sem piedade, que naquelas águas reinam. Nas praias de nosso Estado do Espírito Santo, me parece que os seres que nelas habitam são menos agressivos e, assim, de mordida não se costuma perecer. Contudo, vidas são ceifadas pela força das águas que disfarçam uma mansidão que sorrateiramente a muitos já enganou e afogou.

As realidades reveladas por essas fatalidades nos mostram que, em meios a tantas tragédias que surgem como tristes surpresas, um pouco de cautela se faz necessário para evitar, ao menos, as dores que nos podem ser afastadas.

Assim, seja jovem em idade ou em mentalidade, nunca é tarde para compreender que nem tudo nos convém e que, em um segundo de vacilo, podem surgir arrependimentos e dores que, talvez, nem no decorrer de toda a vida serão superados.

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins

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Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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