Um Mês Maiúsculo - Jornal Fato
Artigos

Um Mês Maiúsculo

Há muito tempo não vejo início de mês tão promissor em Cachoeiro


Há muito tempo não vejo início de mês tão promissor em Cachoeiro, em favor da cultura, do turismo, do artesanato, do combate à pobreza e à criminalidade e de tudo o mais que envolve essas atividades que comento abaixo, capazes de trazer movimento de qualidade a uma cidade progressista.

Um - As intensas notícias e fatos acontecidos em redor da Pedra da Penha, em São Vicente, ponto culminante de Cachoeiro de Itapemirim, com 1.100 m de altura, agora são memórias alvissareiras e tanto mais o serão, se tais notícias e fatos se repetirem com frequência.

Meu amigo Paulo Henrique Thiengo, normalmente cético quantos as coisas que poderiam acontecer por lá - sua terra natal - passa-me ótimas notícias. Diz ele que, nos últimos dias, aumentou em muito o interesse por aquelas paragens e que o número de pessoas que chegam até a Pedra da Penha, seja para honrar a Santa, seja para praticar esporte é coisa que há muito não acontecia. Além dos religiosos e do interesse de grupos de caminhadas, Paulo me disse que a Prefeitura, dessa vez, cuidou bem de preparar a estrada e que a trilha para caminhar desde a estrada até o pico apresenta-se, agora, à altura de município que quer investir no turismo rural. Ainda que falte muita coisa, ainda, diz-me o Thiengo que o avanço é considerável.

Dois - Um pouco antes, em abril, comemorando-se o aniversário do Rei Roberto Carlos, pela primeira vez vi a prefeitura deixar de lado aqueles shows forasteiros milionários, e investir na prata da casa; cantoras, cantores e instrumentistas da terra, pagos em valores que até eu, crítico severo, entendi de razoáveis para até abaixo do que os músicos profissionais mereciam.

Juntar Roberto Carlos - o maior ícone da cidade - com artistas profissionais que vivem por aqui, é achado simples, mas que só agora vi na sua integralidade.

Três - Nos dias que antecedem as comemorações do Dia das Mães, em se olhando pelo lado do artesanato local, foram os mais ricos que presencie em meus 53 anos de morada permanente em Cachoeiro. O artesanato local é o melhor caminho que a cidade tem para cultivar suas arte e sua riqueza. Para se ter ideia, nesta semana que finda, e neste sábado que a revista circula, temos vendas do artesanato local em três locais, todos no centrão da cidade. No Maison Belas Artes, o grupo de artesanato "Artes no Sobrado", desde o dia 6 até o dia 11 de maio, apresenta belíssimos artesanatos, de bons preços e qualidade ainda melhor. Outros artesãos, de tanta qualidade quanto os melhores de Cachoeiro, expõe sua arte e produção no calçadão ao lado do Palácio Bernardino Monteiro, e seus estandes, muito bem sortidos, estão ainda à espera de quem admira o artesanato - e é muita gente. Ao lado da praça, e do Belas Artes, ainda temos, neste sábado, até as 13 horas, no Café Mourads, o Café com Arte, com mais e mais artesãs de qualidade, coroando essa riqueza que nossa cidade tem, e muitos não sabem que tem.

Quatro - Tivemos o insigne pernambucano Murilo Cavalcanti, que proferiu palestra na Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim. Além da qualidade e transparência da palestra, mostrando os progressos de Bogotá, Medellin e Recife, em favor de cidades mais progressistas, limpas e com menos desigualdade, outro ponto alto da palestra foi a plateia - nunca antes eu vira tanta gente junta no salão da Faculdade; não deve ter sido menos de 400 pessoas, todas ouvindo atentamente a experiência daquelas cidades. Um sucesso.

Cinco - Por fim, a Associação Casa Verde, que ensina instrumentalização para jovens, na sua primeira apresentação da série Circulação de Espetáculos - Concerto Sinfônico Trilhas de Filmes, que foi sucesso e que falarei noutro dia.

 

 

 

As Lições de Bogotá & Medellín

(Trechos retirados aleatoriamente do livro organizado por Murilo Cavalcanti, que veio palestrar em Cachoeiro):
"Duas armas bastaram para mudar radicalmente essas duas cidades: decisão política e boa gestão pública" (Murilo Cavalcanti).
"Elas (as cidades) importaram o modelo de transporte público de Curitiba (PR)" (Eduardo Machado).
"Os gestores de Bogotá e Medellín investiram em uma política integrada de segurança cidadã, de renovação urbana, de educação de altíssima qualidade e de inversão de prioridades, com maiores investimentos nas áreas mais carentes dos municípios" (Murilo Cavalcanti).
"Eles tiveram a iniciativa de unir por semelhança ao invés de separar por diferença" (Marcos Galindo).
"A gente fala do governo e critica as coisas ruins, só que todos nós precisamos ter um papel de protagonista para reverter esse quadro" (Cármen Cardoso).
"Quem não tem projeto próprio, quem não tem estratégia própria, é parte da estratégia de alguém" (Alvin Toffler).
"Você não muda uma cidade sem mudar a cabeça do cidadão" (Antanas Mokus, ex-prefeito de Bogotá).
"O projeto da cidade tem de ser da sociedade, não é o projeto de uma administração" (Francisco Cunha).
"A cidade, o gestor público tem a obrigação de gerar oportunidade de igualdade entre todos os cidadãos... como você vai mudar a cidade, se você não muda a cabeça das pessoas?" (Murilo Cavalcanti).
"Em Bogotá e Medellín não só os estudantes procuram as bibliotecas. As donas de casa, os comerciantes, o pessoal da terceira idade, todos se utilizam daquele equipamento. Esse pessoal está fazendo o quê? Está buscando conhecimento. Conhecimento de uma forma diferente, algo mais amplo do que simplesmente consultar um livro. A biblioteca é um grande centro de integração social". (Marcos Galindo).
"A cidade desenvolvida não é aquela em que pobre anda de carro, mas aquela que até ricos usam transporte público" (Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá).
"Não pode haver impunidade" (Alonso Salazar Jaramillo, ex-prefeito de Medellín).


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

Comentários