Somos iguais - Jornal Fato
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Somos iguais

Somos iguais. Importante é quando a tez da pele se eriça


Enquanto, de mansinho, ausentava-se o dia, fugindo entre as nuvens, caminhávamos, eu e Telemaco. Como de praxe, a bancada para o descanso e a conversa. Assentamo-nos. O diálogo, se bem me recordo recaiu sobre a importância. Então, Telemaco me informa sobre a oferta de uma bolsa. Uma fábula! Assombrei-me e perguntei: qual importância dessa bolsa? Diante do silêncio fraternal, prossegui e digo sobre a avidez humana que, bem no fundo, desvirtua a importância do que é merecedor. Ouro importa? Prata? Rimos um pouco. Tartamudeando, me responde que pode nos deixar abastados! Respondo: tanto assim? Continuo, e profiro a sentença que não cala. Esta noite me importa, meu bom amigo. Estar ao seu lado e usufruir dessa forma de amor, que é a amizade, reluz mais que ouro, mísera pedra amarela, e a frívola bolsa, extraída de alguma criatura que, até então, existia, na mesma superfície do planeta comum. A mim, me importam as linhas no seu rosto, quando ris. A mim, sempre importou o silêncio de quem consola, secretamente. Quem ama, pelo breve e infinito, instante do amor, e se arremessa para ensinar à humanidade brutalizada, sobre a troca confusa, feita entre o que é, deveras, importante, e o que não nos interessara, jamais, porque melancólico na abundancia, pobre, na riqueza, passageira E ai, subitamente, crianças, correm, e lá no alto acendem-se a lua e a primeira estrela, assim como as humildes luzes nos postes, concedendo retorno ao lar. Aquilo que importa, disse ao amigo, não ostentamos ou exibimos, para mera confrontação alheia, como se vivêssemos, a nos distinguir, divididos por categorias, bolsas e ouro e o restante. Somos iguais. Importante é quando a tez da pele se eriça, ainda que as mãos estejam vazias, e o coração cheio, bate forte, para celebrar, o que, verdadeiramente, é belo. Dali, seguimos sentido a importância do som, do marulhar dos cachoeiros do rio, de uma vida inteira.

 

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Ainda procuro tanto o poema

O poema perfeito

Recôndito entre a luz e a sombra.

 

O verso exato, no braço que caiba a rima livre, como toda pessoa, deve ser

 

Para ocupar o vazio em nós, com a palavra certa, feito sonho, da poesia prometida.

 

Porque se a encontro, no meio da vida, onde pôr o amor, escolho o início, e começo a escrever.


Giuseppe D'Etorres Advogado

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