Salve-se quem puder
Esse é o dilema governista: os que têm apoio, não querem a candidatura ao governo e os que a aceitam , não reúnem as condições políticas ideais
Depois de passar três anos e meio na expectativa de que o governador Paulo Hartung (MDB) fosse disputar a reeleição, os oito dias desde que ele disse que não concorrerá foram insuficientes para rearranjar as coisas. O blocão governista ainda bate cabeça e o risco de que se desfaça é cada vez mais palpável. Aliás, é processo que já começou.
A situação é crítica, pois os nomes com boa aceitação no grupo ou decidiram não entrar na disputa pelo governo - é o caso do deputado estadual Amaro Neto (PRB) [depois voltou atrás, mas já era tarde] - ou não disseram, oficialmente, nada - como o senador Ricardo Ferraço (PSDB).
Ricardo tem o sonho de governar o Espírito Santo, mas, curiosamente, quatro anos depois de ensaiar candidatura ao governo do estado, agora tem dito que não se preparou para a função, o que tem sido entendido pelo grupo político como uma negativa velada.
Os outros dois nomes, o vice-governador César Colnago (PSDB) e o professor Aridelmo Teixeira (PTB) - aquele que foi convidado a ser secretário de Educação, mas nunca foi nomeado - enfrentam problema oposto. Têm disposição e interesse para a candidatura ao governo, mas não contam com irrestrito apoio dos partidos aliados.
Esse é o dilema governista: os que têm apoio, não assumem a candidatura e os que a aceitam, não reúnem as condições políticas ideais.
Enquanto os governistas não se acertam, a oposição avança. Rose de Freitas (Podemos) e Renato Casagrande (PSB) abriram frentes de conversa com todos eles. Estão bem próximos do PDT de Sérgio Vidigal e do PR, do senador Magno Malta - este não faz parte de bloco algum e tem posição privilegiada para negociar.
Os partidos da base do governo já admitem que com a difícil composição entre eles, a senadora Rose de Freitas pode se tornar atrativa para aqueles que não encontram discurso ou conforto junto a Renato Casagrande. Caso não haja breve resolução do dilema governista, ela deve herdar a maior parte dos espólios. Amaro Neto já embarcou.
Sem Hartung no páreo, o lema que era um por todos e todos por um, aos poucos é substituído pelo é cada um por si e salve-se quem puder.