- Qual a razão de eu continuar escrevendo semanalmente? Por qual motivo, simplesmente, não paro de escrever e deixo a vida, que nos suga o tempo disponível, me levar?

Ainda não sei a resposta. Confesso que nem sei se escrevo para o leitor ou se escrevo para eu mesma fixar na alma algumas experiências e alguns aprendizados positivos que me chegam pelo acaso.

Dizem que as palavras voam, mas, vez e outra, preciso que boas palavras voem para meu coração. Quem sabe assim eu consiga ter um pouco mais de esperança na humanidade? Logo, talvez escreva com fim de me autoconvencer de que, apesar das mazelas que o tempo e que os homens (faço parte) nos lançam, ainda somos capazes de ter algum domínio sobre o acaso; talvez o bem ainda possa vencer o mal. Quem sabe ainda possamos mudar o imutável!

Tenho ouvido tantos questionamentos sobre a existência de Deus; tantas pessoas que culpam o Criador pelo mal que se espalha mundo afora; que buscam no Divino as razões dos sofrimentos havidos no nosso país, mas, principalmente, nos países vítimas de tragédias ambientais e humanas que, de tão graves, nos fazem olhar para seus habitantes como pessoas menos gente que nós. Se outro fosse o olhar, o descaso mundial não seria tão imenso para com a situação de desumanidade vivida pelos cidadãos de alguns países.

Tenho ouvido indagações do tipo:

- Se Deus existe, porque crianças sofrem? Se Ele é bom, porque pessoas morrem violentamente todos os dias? O que justifica nações escravizadas, humilhadas, famintas e vítimas da indiferença dos seus governantes e das demais nações mundiais? Por certo, Deus não existe, muitos respondem.

Na busca de respostas que minha própria alma, sem duvidar do amor de Deus, clama, na última semana ouvi um depoimento/testemunho do Alok, classificado como o 13º melhor DJ do mundo pela revista DJ Mag, mas até então, eu mesma, nem o conhecia, confesso. Um jovem lindo, famoso e ativo em projetos sociais na África e sei lá mais em quê. Em síntese, Alok afirmou:

"Eu, por vezes, duvidei da existência de Deus, especialmente quando estive na África. Lá tive a certeza de que, se Deus existisse, não permitiria tamanho sofrimento. Contudo, o contato com os africanos, especialmente com uma senhora idosa, cega de ambos olhos e, com tamanha fome, que apertava a barriga para sentir menos os efeitos desta, entendi que DEUS EXISTE! Descobri que Deus é quem fortalece o povo sofredor para suportar as misérias da humanidade! Deus não é culpado, mas nós somos os culpados porque não fazemos o que temos que fazer".

Sem palavras, neste momento! Por vezes, buscamos respostas que nos aliviam a alma. Buscamos crenças no que nos é confortável e, quando algo altera o rumo que escolhemos, culpamos Deus e tiramos nossas responsabilidades da reta.

Somos assim: egoístas demais, elevados demais e grandes demais para entender que, se estamos de pé, apesar dos sofrimentos que nos afligem direta ou indiretamente, é porque Deus nos faz fortes! Apesar disso, vivemos muito preocupados com nossos umbigos para entender que, para o mundo ser melhor, cada um de nós tem sua responsabilidade na manutenção da criação.

Talvez eu ainda escreva para isso: para tentar fazer com que eu mesma enxergue que minha vida vai além de mim... Se mais alguém entender isso, me sentirei plenamente realizada e com a sensação de missão cumprida.

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins