Nesta página, na última semana, revelei minha surpresa e alegria por ver o trabalho artesanal da jovem Raquel Lucas Salvador.

Escrevi pouco, na ocasião - o espaço já estava quase todo tomado por uma outra crônica, quando Raquel chegou. Mas não me conformei.

Acionei um amigo da família de Raquel, a fim de que ele me desse mais elementos sobre a Raquel.

Então, o texto abaixo não é meu, mas abrange todo o meu sentimento - é como se fosse meu. (Como disse, na semana passado, Raquel tem a Síndrome de Down, mas não está se importando com isso não).

Aqui vai o texto, que - repito - não é meu, mas eu o assumo integralmente, como se eu o tivesse escrito - fiz apenas um ou outro ajuste, coisa simples:

"Raquel, como todas as meninas de sua infantil idade, também tinha sonhos - ser cantora, ser artista, ser pintora, quando crescesse. Queria ser isso tudo, além, muito além de suas atividades escolares, que exercia sempre com muito zelo.

Lápis de cor e giz de cera eram seus mais próximos amigos e nunca faltavam na sua mochila. A comunicação dela, suas expressões, todas eram externadas em seus desenhos, e as cores, somente ela as obtinha daquele seu jeitinho.

Um dia, chegou para ela o momento de avançar para além das brincadeiras de criança, mas o pai, a mãe e o irmão nada entendiam de riscos, de desenhos, de cores da tinta.

O pai teve que aprender, pesquisar, procurar pessoas de bom coração para ajudar Raquel a evoluir para o patamar que ela queria e merecia - pessoas de bom coração existem. Ensinavam a Raquel. O pai, discretamente, acompanhava a filha e a ajudava, passando tantos conhecimentos a ela. E na medida em que encontrava outras pessoas de bom coração, a mãe que levava Raquel para aulas de pintura, de artesanato.

Hoje, Raquel, no seu momento, momento que ela mesmo escolhe, faz os riscos, sem stencil, sem carbono, sem nada mais; e sim com suas ideias, inteligência, pensamentos próprios, alta criatividade. Tudo sem teorias complicadas, vai dando e combinando as cores de seus trabalhos de artesanato.

Faz tantos trabalhos lindos porque quer vencer - e está vencendo - porque é abençoada e amada por todos que a ajudaram e a ajudam, e que a conheceram e cada vez mais estão conhecendo a menina, mais que especial, especialíssima - Raquel Lucas Salvador".

 

Cara de Palhaço

Em agosto de 2004, portanto há 14 anos, na Conexão Mansur nº 001, escrevi a crônica abaixo, na qual transcrevo carta ao Sr. Lula da Silva, então presidente da república e, atualmente, morador em Curitiba.

O texto da carta é este, sem mudar sequer as vírgulas, atualíssimo:

"Com a complacência dos senadores e dos deputados federais, o presidente da república sancionou lei que é a pena de morte para os brasileiros que conseguem dinheiro emprestado nos bancos. É a lei federal nº 10.931. Indignado com a sanção da lei, mandei a seguinte carta ao Sr. Lula:

"Senhor Presidente, gostaria de saber se V. Exa. tem consciência do estrago que o art. 28, § 1º, I da lei 10.931, publicada em 03 08 2004, irá provocar no bolso dos cidadãos e empresas brasileiras? Esse artigo implantou a cobrança de juros sobre juros mensais, nas cédulas de crédito bancário, revogando a Lei de Usura, de 1933, sancionada em plena ditadura Vargas, mas absolutamente favorável aos tomadores de crédito (ou seja, os brasileiros que não são banqueiros).

Sugiro, respeitosamente, que peça aos servidores públicos, antigos companheiros de V. Exa., que foram bancários, ligeiras explicações sobre o que é anatocismo e quais as implicações de se aplicar juros sobre juros mensais (juros, por exemplo, de 5 ou 7% ao mês, correntes atualmente). Peça, por favor, para que eles façam simulação de a quantas iria - por exemplo - um empréstimo de 1.000,00 reais, com esses juros cobrados mês a mês, em período de um ou dois anos.

 Depois, novamente peço a V. Exa.: compare os valores obtidos com os cálculos relativos a um depósito em poupança do mesmo valor e no mesmo período. Faça, por favor, comparação entre os valores encontrados e a inflação apurada no mesmo período (pode utilizar o índice mais alto que encontrar). Finalizando: compare, por favor, os valores encontrados e verifique se eles têm alguma relação com os lucros do Bradesco (1,25 bilhão) e do Itaú (1, 83 bilhão), ontem e hoje anunciados. Fui eleitor de V. Exa. Cordialmente, HIGNER MANSUR, Título Eleitoral nº..."

Pois bem, foram rápidos os homens do governo. No mesmo dia me mandaram o seguinte recado:

"Prezado Senhor, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva incumbiu-nos de registrar o recebimento de sua mensagem. Atenciosamente, Diretoria de Documentação Histórica
Gabinete Pessoal do Presidente da República".

Abaixo do registro, completaram, pedindo: "Acompanhe os esforços do governo do Presidente Lula para tornar o Brasil país mais justo, humano e próspero para todos os cidadãos".

Fico me perguntando: eles entenderam minha mensagem, ou estão me gozando, achando que eu e o povo brasileiro, somos palhaços? Cartas para a redação ou para o governo federal.

(Antes que me esqueça - os juros de hoje são mais altos do que naquele tempo; já o lucro dos bancos, esses são estratosfericamente mais altos).