Rabugices ? parte um - Jornal Fato
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Rabugices ? parte um


Descobri hoje, de repente, que corro um risco sério e iminente: tornar-me um velho deveras rabugento ou mesmo revoltado, o que deve serbem pior.Minha ficha caiu depois de um bate-papo com amigos sobre a atual situação do Brasil - situação econômica, política e principalmente moral de nossa sociedade. Ajudou muito o fato de ontem eu ter assistido a parte da entrevista do juiz Sérgio Moro - um dos protagonistas da Operação Lava Jato - num programa de televisão. Um dos jornalistas presentes lhe perguntou sobre o que pensava do auxílio moradia de pouco mais de quatro mil reais a que todos os magistrados têm direito;inclusive se isso não seriacontrário à ética ou à moral, uma vez que os salários - ou subsídios, em perfeito juridiquês - dessa classe já são bastante elevados.

O juiz respondeuà pergunta limitando-se apenasa dizer que, apesar de questionável, existe a previsão constitucional de que os subsídios dos magistrados deveriam ser reajustados anualmente, o que não ocorre há três anos. Esse benefício seria, então, uma espécie de compensação pela não aplicação dos reajustes devidosaos salários dos magistrados. Contudo, se essa verba deveria compor a renda mensal também deveria ser objeto de incidência e retenção de imposto sobre a renda de quem a recebe, o que não ocorre. É evidente para mim que oforte sentimento corporativista do nobre julgador influenciou muito em seu raciocínio.Não acho isso um demérito, mas talvez por esse motivo não tenha respondido à questão ética contida na pergunta feita. Lembro também que no dia 15 de março os juízes federais protagonizaram uma greve que deveria possuir âmbito nacional.Além disso, realizaram protestos em algumas poucas cidades do país, pela manutenção desse benefício, que também é extensivo aos promotores de justiça.Estes são os fiscais, os guardiões da lei;mas quem fiscalizará os fiscais - quis custodiet ipsos custodes?

Fiquei matutando sobre o assunto e lembrei-me deuma coisa.Com frequênciaos eminentes ministros do Supremo Tribunal Federalse desentendem como lavadeiras que disputam o melhor lugar nas pedras do rio para quarar suas roupas. Contudo, no dia a dia em geralagem como se deuses fossem, com raras e honrosas exceções, ou como se estivessem acima dos pobres mortais - que somos nós, os trabalhadores.Seus colegas do egrégio Superior Tribunal de Justiça também possuem o mesmo comportamentona aparência fleumático. Logo, os digníssimos juízes federais devem provavelmente ser semideuses, ou deles descendentes. Decidi, então, pesquisar um pouco sobre o quanto ganha um mero juiz da justiça comum, ou, da justiça estadual. Sim, são eles que trabalham nos fórunsdas Comarcas dos Estados da Federação. Afinal, são os que estão mais perto do povo, certo? Devem, portanto, ser mais humildes e próximos de nós. Pois então, as informações que passo a seguir estão disponíveis a todos na internet, na página do Tribunal de Justiça de qualquer Estado do Brasil. São, portanto, informações públicas, de livre acessopara quem se dispuser a pesquisa-las.

Essas informações e outras mais vocês lerão na minha próxima coluna.


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

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