Um promotor de justiça, de Colatina, foi condenado pelo TJES, por induzir e facilitar prostituição. Dentro dos conceitos de justiça, sempre entendi que juízes, promotores e desembargadores são pessoas de caráter e dignidade ilibados. São cargos de difícil acesso, dependendo para os alcançar, de muito estudo, de conhecimento profundo das leis e responsabilidade com a própria atuação. Bem, o promotor foi condenado, mas não perdeu o cargo e o salário de R$ 33,6 mil. Pena!

Quanto ao julgamento, fiquei estarrecida com as declarações de um desembargador em defesa do condenado: - "que o réu não tem dificuldade de pagar e tem necessidade de compartilhar seus contatos íntimos com os amigos. Quem foi convidado para alguma palestra ou encontro na cidade em que atuava, recebia do promotor um "mimo", alguma coisa neste sentido, uma menina aí, assim e tal, vamos lá, é bom!". Felizmente a desembargadora Eliana Munhós - com bastante lucidez, considerou que a prática que o colega tentou declarar ser corriqueira é desprezível, de se ofertar, entre amigos, mulheres em condições financeiras precárias, como objeto sexual mediante paga. Li a notícia que parecia remontar de um jornal da época do colonialismo, em que os coronéis usavam e abusavam do poder e em que as mulheres eram tratadas como meros objetos da satisfação masculina.

E, nesse ínterim, recebi uma mensagem questionando: -  onde estão as feministas, que não se pronunciam contra o prefeito/médico cearense, abusador de mulheres? Estão caladas por conta do partido de esquerda do ignóbil cidadão? Por que ainda não fizeram passeatas peladas pela Paulista? Afinal, por que insistem em nuas? Será que é para desmerecer a nossa maior arma, que é um cérebro privilegiado? Só para esclarecer, o cidadão/abusador foi expulso do partido logo que a notícia foi confirmada.  E que fique claro, ser feminista não é ser de esquerda ou de direita, ser feminista é ser uma defensora das mulheres e de seus direitos. Excessos existem em todos os partidos, feministas lutam pela igualdade e dignidade das companheiras, e se indignam quando mulheres são usadas como "mimo" a ser ofertado a preço vil. Feministas detestam machistas, abusadores, pedófilos, estupradores, sejam ele promotores, médicos, políticos ou religiosos. Feministas batalham contra qualquer tipo de violência contra as mulheres.  E a cor das camisas não importa, o que importa é a luta.

Marilene De Batista Depes