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Pé na estrada

Hoje escrevo de longe, comemorando o aniversário da nossa filha que reside em São Paulo


Hoje escrevo de longe, comemorando o aniversário da nossa filha que reside em São Paulo. Adoro viajar, seja lá para onde for, estradas são sempre bem-vindas. Aprecio a natureza, as paisagens, as novidades. Prefiro as viagens mais curtas, quando longas demais sinto saudades do aconchego e conforto do dia a dia, do travesseiro e da cama habitual. Passear me causa prazer, adoro andar a pé por novas paragens, participar do cotidiano do povo pelas ruas, amo gente e também os ambientes urbanos. É tanto satisfação que nem sei destacar preferências: cidades grandes pela muvuca nas ruas, pelas praças, vitrines das lojas e pelas inúmeras ofertas de lazer; cidades pequenas pelo bucolismo do ambiente e da sua gente; praias pelo  mar, pela beleza do visual, pela liberdade que a natureza transmite, pelo inconfundível aroma marítimo que me inebria; montanhas pela beleza da natureza; o interior me atrai pela presença da vida animal, das plantas e frutas, contudo apesar de ter nascido na roça sou uma pessoa urbana - não sei se o que evito sentir é saudade ou nostalgia da infância.

Em São Paulo, uma metrópole que oferece inúmeras opções de lazer, entre shoppings, restaurantes, teatros, shows, meu pé enterrado no interior me leva a optar por caminhar no Parque Ibirapuera, local que me permite apreciar tudo que amo: gente, natureza e convivência fraterna. Reconheço que numa cidade grande sempre fazemos, naturalmente, uma reciclagem a respeito de cultura, moda, usos e costumes. Uma atualização sempre cai bem, e por incrível ela pode acontecer em qualquer local em que nos dispomos a frequentar. A grande jogada é nos despojarmos do comodismo que vai se apossando da nossa vontade com o passar dos anos. Envelhecemos muito mais quando teimamos em manter uma vidinha tranquila, no nosso canto habitual, sem correr riscos de buscar coisas novas e sem a curiosidade de procurar outros mundos, mesmo que estes se encontrem na esquina de nossa casa.

Sinto agonia de gente que utiliza a idade como justificativa para se manter à margem da vida. E já vou avisando às amigas mais jovens: - quando não puder ir andando para a praia, me levem numa cadeira de rodas e me atirem ao mar. Garanto que se eu me afogar, vai ser prazerosamente, na certeza que curti a vida até o limite final.

 

Marilene De Batista Depes

 

 


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