Ô, menino!? - Jornal Fato
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Ô, menino!?

Adolescência é uma fase difícil!


Adolescência é uma fase difícil! Existe uma verdade: a do jovem. Existem várias inverdades: as dos demais. Será?

 

Assim, o professor não sabe nada; os pais não conhecem e, tampouco, compreendem o(a) filho(a). Será?

 

Somente o adolescente sabe o que é melhor para ele. Afinal, o futuro já está traçado em suas mãos. Será?

 

Nessas, nada simples, relações, é comum que aqueles que deveriam ser autoridades se percam e já não saibam mais como agir. Conversar? Impossível, conversa só dá certo se ambos souberem ouvir. Gritar? Bater? Prender? Não, não, a opressão afasta. Deixar então o menino, a menina, experimentar o livre arbítrio? De jeito nenhum: ainda não estão com a personalidade formada.

 

O que, meu Deus, fazer então? Como educar, como formar a personalidade diante de uma juventude tão cheia de direitos e de liberdades?

 

Quem tem jovem na família, via de regra, experimenta muitos conflitos. Tenho visto muitos pais se esforçando para ensinar e muitos outros, simplesmente, desistindo e deixando rolar.

 

Em contrapartida, tenho me deparado com muitos jovens cheios de verdades, plenos de liberdades, sentindo-se o/a "cara". Contudo, nunca, antes, a sociedade foi formada por tantos meninos e meninas deprimidos, autoflagelando-se e cansados da vida.

 

Como entender que os jovens, livres como em nenhuma outra geração, sejam tão frustrados? Se a liberdade é tão boa, qual a razão das tristezas e das instabilidades?

 

Conversa vai, conversa vem, buscando compreensão, não vejo explicação diversa: experiências precoces geram adultos cansados antes do tempo. A cada etapa queimada pelas crianças de hoje, frustrações e decepções se adiantam, alcançando fases da vida que a "pessoinha" ainda não tem preparo para experimentar.

 

Sem falar que, ao se sentirem contrariados, quando, simplesmente, deveriam respeitar e acatar as determinações dos pais, muitos jovens, por pirraça, ou sei lá por que, deixam de investir o tempo no que é necessário, colocando o próprio futuro em risco.

 

Muitos dessa geração têm se limitado ao mínimo que a vida lhes poderá dar, contudo, poderiam, com mais dedicação e respeito, conquistar lugares grandiosos no hoje e, se Deus permitir, no amanhã. Os resultados dos excessos da "modernidade" veremos na próxima geração, mas temo por estes.

 

O que fazer? Como retomar os valores superados de um tempo remoto no qual pais eram pais; filhos eram simplesmente filhos; professores eram educadores e alunos eram tão somente estudantes? Tempo esse no qual a fé em Deus era uma realidade.  

 

Enquanto uma resposta praticável não for capaz de mudar o quadro de conflitos atuais, lembro apenas que a vida passa rápido demais; que a energia se reduz com o tempo - e nem precisa ser queimada com vícios e com noites viradas. Lembro que a vida, por si só, já trata de nos trazer mazelas, de modo que não as precisamos criar. Assim, deixo o singelo pedido:

 

- Ô, menino, não pirrace seu futuro! Ele vai ter a cara e o sabor de suas escolhas de hoje.

 

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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