O Livro do Polivalente do Aquidabã - Jornal Fato
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O Livro do Polivalente do Aquidabã

O texto é da escola, e com o resumo de um projeto importante


Ilustrativa

O projeto nasceu em sala de aula. Diversos gêneros textuais fazem parte do conteúdo programático da primeira série, mas a crônica cativou mais alunos para a construção de narrativa. Perceberam que em qualquer lugar, a qualquer hora há uma fonte inesgotável de histórias para serem contadas. Os primeiros textos vieram tímidos em folhas meio surradas de tanto apagar e escrever de novo. Depois apareceram digitadas com alguma fonte dessas que imitam máquina de escrever. Até o dia em que a crônica pediu a independência do papel. "Professora, isso é uma crônica?" "Professora essa história é uma crônica!".

Pegaram a crônica de ouvido. Da boca de alguém. Muitos desses alunos associam a escrita a alguém importante como Rubem, como se a capacidade de contar uma história fosse uma vocação sagrada demais para ser escrita por eles mesmos.

... Quando me dei conta, autonomamente, antes de me entregar o que havia escrito, os alunos estavam lendo os textos uns dos outros! Quando a possibilidade de transformar textos avulsos em livro impresso se tornou sonho possível, a adesão foi ainda maior. Já não estavam mais com medo dos possíveis erros gramaticais ou ortográficos, a crônica estava maior que isso nas cabeças inquietas da escola. Alunos que não sabiam se conseguiriam escrever um texto, estavam perguntando quantos mais poderiam escrever.

Estamos trabalhando para que esse projeto tenha forma definitiva, palpável, impressa. Para que, principalmente, sintam-se os donos da história, inclusive, das suas próprias.

Colabore para que esse projeto se torne realidade!

Quem participa? - Somos mais de 60 alunos de 15/17 anos, estudantes do Polivalente do Aquidabã, escola pública com tradição em Cachoeiro. A ideia surgiu de 5 professores de português que se dispuseram a trabalhar depois do horário para que seus alunos soubessem que podem escrever sua própria história. 
Quem quiser colaborar entre R$ 10,00 e R$ 300,00, ou até mais, e só entrar no facebook, página https://www.catarse.me/livroelugardefala e colaborar. É fácil e será contribuição importante à nossa cultura e à nossa juventude. Não é isso o que sempre pedimos aos outros?

 

Café e Artesanato

Semana plena de alegrias para o Sul do Espírito Santo, para a gente da cafeicultura, para a do artesanato. No artesanato, foi publicada a relação dos 360 artesãos do Espírito Santo, aptos a participarem da 6ª ARTESANTO, melhor exposição estadual de artesanato que se realiza próximo, neste ano, junto ao Shopping Vitória, capital do Estado. Os selecionados para participarem da Feira, de Cachoeiro, foram exatamente 2, entre 360 selecionados do Estado. Sem dúvida, número ridículo, vez que Cachoeiro tem muito mais artesãos do que imaginamos ter - artesãos "top".

Enquanto isso, pelos lados da cafeicultura regional - sul - ótimas notícias encheram páginas de jornais e da rede social. De Guaçui chega notícia de que cafeicultores de lá estão exportando para países como a Argélia, conseguindo preços de até duzentos reais a mais por saca exportada.

De Dores do Rio Preto, pequeno município do Sul, apareceu e brilhou o cafeicultor Afonso Lacerda de Abreu, o mesmo ocorrendo com Deneval Vieira, de Iuna.

No vizinho Muqui, o cafeicultor Luiz Cláudio de Souza foi premiado duas vezes pelo café conillon que produz, prêmio que na Semana Internacional do Café (Canéfora Coffee of the Year 2018). E três cafeicultores da Família Venturim, de Venda Nova do Imigrante, também Sul do ES, ficaram entre os 5 melhores cafeicultores do Brasil.

Entenderam? Em termos de cafeicultura, quando falei Sul do Espírito Santo, esqueci-me de dizer que "Cachoeiro está fora dessa". Se tudo é alegria no Sul do Espírito Santo, quanto à cafeicultura, nosso município não tem aparecido em nada e ninguém explica isso para os mortais como nós.

E do lado do artesanato? Na participação de Cachoeiro na mais importante Feira do Espírito Santo, fim deste novembro, em Vitória - ARTESANTO, numericamente nossa participação - de Cachoeiro - é pífia. Entre centenas e centenas de artesãos de qualidade, somente dois cachoeirenses exporão lá. Mais uma vez se pode dizer: - ninguém explica como cidade tão rica em artesanato, como a nossa, possa quase que passar em branco na atividade e na presença nos espaços estaduais.

E o que falo nada tem a ver com Secretarias Municipais de Desenvolvimento Econômico e de Agricultura, ao menos ao meu olhar, já que dirigidas por bons gestores e uma turma de servidores também de qualidade, a maioria. Acontece que são meros executores, e - é o que me parece - parecem tolhidos 

pela letargia que grassa no grau superior a eles, que não sabe a riqueza que temos, seja café, seja artesanato, seja de cafeicultores, seja de artesãos e artesãs. Essa é a causa principal de os bons cafeicultores e artesãos estarem em baixa em Cachoeiro de Itapemirim, sem luzes sobre eles, enquanto explodem nos municípios sulinos. Mas um dia tudo se acertará, diz o profeta.

Não sei até hoje por que eu escrevo

Aline Dias

Não sei até hoje por que eu escrevo, e também não faço ideia de porque alguém lê as coisas que eu escrevo. Acontece que eu escrevo, acontece que pessoas leem. 
Por acaso, eu nasci num lugar em que mamãe e papai achavam muito bonitinhos os meus poeminhas. Minha mãe fazia varal com meus textos, minha tia Elzirinha falava pra eu continuar escrevendo. Minha avó ficava preocupada com o meu excesso de sentimentos. 

Eu sei que eu escrevo, e que preciso. E que sempre fui encorajada - e muito - a continuar escrevendo. Sou grata a isso. Porque se eu não escrevesse, sinceramente, eu não sei como ia respirar. A escrita é o único hábito que me faz ter pulmões. 

E daí que Maria Gabriela Verediano está desde o começo do ano dizendo que as pessoas precisam ler as coisas que os alunos dela escrevem. E daí que eu botei pilha. 
Botar pilha nesse projeto e ajudar na divulgação, pra mim, é um exercício ativo de gratidão. Tento devolver pra eles o apoio que sempre tive. Sei lá, se consigo. Sei que é importante ajudar. Sei que vou ficar falando disso até dia 19 de dezembro, quando acaba o prazo da vaquinha. Sei que vou continuar pedindo dinheiro inbox pra vocês. E sei, também, que se vocês dão dinheiro logo pra esse projeto, eles batem a meta e eu fico menos chata do inbox. 

Mas, principalmente, sei que todo mundo deveria ter o mesmo direito que eu à respiração, ao sentimento e à expressão das duas coisas.
Falo de vírgulas, falo de amor, falo de literatura, falo de resistência. Falo de gratidão ativa de quem escreve, de quem lê, pela escrita, pela leitura, por todos nós.

 


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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